tag:blogger.com,1999:blog-91043359055686107812024-03-13T05:42:26.818-03:00Minha alma tem fome!Minha alma tem fome! Por isso vivo buscando formas de alimentá-la.
Poesia, música, viagens, cozinha, cotidiano e tudo onde enxergo poesia.
Aqui vou compartilhando meu pão e minha poesia de cada dia!Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.comBlogger56125tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-63726684251078230152017-06-30T00:49:00.002-03:002017-07-01T20:23:27.880-03:00Viajando no tempo... (Discurso Paraninfo - Curso Integrado Médio Técnico em Química do IFRJ - CRJ - 2016.2)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx-Kdtk-REihxIMZn36OG63gq44AJ9XRByAm151w_ICioVn2SD2k8dM3FKHRnimeAxj732yMIGOEfvSvbAY16MM9xMAYCwS7zONrd0BLgQI_pu5ZMor_QhAc7toSaliSkreW5bZj5jGEeQ/s1600/19667887_10202904437129089_4877544920168891156_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx-Kdtk-REihxIMZn36OG63gq44AJ9XRByAm151w_ICioVn2SD2k8dM3FKHRnimeAxj732yMIGOEfvSvbAY16MM9xMAYCwS7zONrd0BLgQI_pu5ZMor_QhAc7toSaliSkreW5bZj5jGEeQ/s320/19667887_10202904437129089_4877544920168891156_o.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Boa noite a
todos...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Diante da responsabilidade de escrever, falar sobre algo tão
importante em nossas vidas, mais uma vez pude comprovar que o difícil, na
verdade, é começar (...). Começar a escrever um texto, começar esta graduação,
começar a ser alguém nada vida...<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas peraí, peguei o papel
errado! Isso é coisa do século passado, gente. É o meu discurso como orador na
minha formatura em 1996, mais de 21 anos atrás. Vocês não eram nem nascido. Ok.
Ok. O Vilas já era, mas deixa isso pra lá. Meu Deus, quando vocês vieram ao
mundo, o Harry Potter já existia. Sabe que já naquele tempo eu tinha mania de
colocar música em tudo. Como diz minha sobrinha: “meu tio é assim, a gente fala
uma palavra, ele vai lá e já canta uma música...”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;">És um senhor tão
bonito. Quanto a cara do meu filho. Tempo tempo tempo tempo. És um dos deuses
mais lindos. Tempo tempo tempo tempo.<o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;"><br /></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É estranha essa sensação.
Por que tudo me parec</span><span style="font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;">e tão igual... É como se eu tivesse voltado no tempo e
me reencontrado com aquele jovem cheio de planos, de sonhos, de coisas a
construir... Mas será que é possível viajarmos no tempo? Há quem não acredite
nisso. Mas hoje eu vos trago essa possibilidade, convido a todos a me
acompanharem nesta viagem. Eu sei viajar no tempo. Por instantes esqueçam a
física, a matemática e até mesmo a química. Confie em mim. Hoje eu vos trago a
poesia. Ela sim, pode nos transportar no tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;">Passa o tempo e a vida passa. E
eu, de alma ingênua, acredito. No sonho doce infinito. Plenitude, enlevo e
graça. Que sem tortura ou revolta. Estou cantando ao luar. Vamos dar a
meia-volta. Volta e meia vamos dar.<o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;"><br /></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Prazer, sou Anderson
Henriques, tenho 23 anos, formando de Engenharia Química. Hoje eu sou apenas um
sonho. Estamos em 1996. Auditório do Prédio Central na Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro. À minha frente um futuro me aguardando. Há um senhor e
uma senhora, alí, sentados. Me parecem mais felizes do que eu. Será que a
conquista de hoje é realmente minha ou é deles?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;">Eu vi o menino correndo,
eu vi o tempo, brincando ao redor do caminho daquele menino. Eu pus os meus pés
no riacho, e acho que nunca os tirei. O sol ainda brilha na estrada e eu nunca
passei...<o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;"><br /></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Prazer, eu me chamo
Anderson, devo ter uns 12 anos de idade. Hoje é Natal. Estamos num Sobrado
amarelo num subúrbio do Rio. O casal que estava sentado lá naquele auditório,
hoje, me trouxe presentes. Um pequeno quadro negro, giz e apagador, e uma caixa
azul onde está escrito: “O Pequeno Químico”. Essa noite, eu me sentei,
encostado à máquina de costura de minha avó e passei horas misturando coisas em
pequenos vidrinhos, mudando cores, gotejando soluções em pedaços de batata que
mudavam de cor. Escrevi no quadro coisas aleatórias. Peguei no sono ali mesmo.
Acordei no dia seguinte, recolhi uns livros velhos, o quadro e o giz e fui
brincar... Sim, brincar de ser professor. E, assim, repeti todos os dias... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;">Velho, recordo o
menino, que resta de mim, sei lá. Cajueiro pequenino, meu pé de Jacarandá...<o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;"><br /></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quando me dei conta, já
era 1997, eu estava dentro de uma bolha de sabão, num laboratório da Escola
Técnica Federal de Química. Era uma Semana da Química. Eu, Engenheiro Químico
formado, já fazendo mestrado, ouvia de um grupo de alunos do curso técnico, explicações
a respeito de como se formavam as bolhas de sabão. Aqueles alunos tinham uma
clareza a respeito do que falavam, tinham brilho nos olhos, uma alegria. Aquela
escola fervilhava. Auditório lotado. Projetos. Oficinas de poesia. Música. Então
eu pensei: é nesse lugar que eu quero continuar a brincadeira com o meu quadro,
meu giz e meus vidrinhos e tubos de ensaio!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Então, em 1998, enquanto
muitos de vocês nasciam, davam seus primeiros passos, ou balbuciavam as
primeiras palavras. Eu nascia professor, nesta escola. Dava meus primeiros
passos como professor substituto de Tecnologia da Fermentações da Escola
Técnica Federal de Química. Vejam só! Processos Bioquímicos!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Professor de Tecnologia
das Fermentações, sim, foi assim que eu nasci para antiga ETFEQ, hoje IFRJ.
Como vocês sabem, eu tenho essa petulância, essa ousadia, de ver poesia em
tudo. Há os que dizem que sonhos são como tijolos que a gente vai colocando
dia-a-dia, um sobre o outro, para construir a felicidade da gente. Meus sonhos
são feitos de pequenos quadradinhos verdes. </span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quando eu entrei nessa
escola pela primeira vez, eu levava uma sacola vazia, e naquele dia, eu pus
nela o meu primeiro quadradinho verde. E desde então, a cada dia que entro
aqui, quando ouço logo lá na entrada, “bom dia, professor” é mais um ladrilho
verde que cai na minha sacola, que eu vou colando na parede da minha realização,
do meu sonho, da minha felicidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;">Compositor de destinos. Tambor
de todos os ritmos. Tempo tempo tempo tempo. Entro num acordo contigo.
Tempo tempo tempo tempo. Por seres tão inventivo. E pareceres contínuo. Tempo
tempo tempo tempo. És um dos deuses mais lindos. Tempo tempo tempo tempo.<o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;"><br /></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Bom dia, senhores e
senhoritas. Estamos em 2014. Segunda-feira, 7 da manhã, Eu sou Anderson
Henriques, o vosso professor de FisQui II. E lá estavam vocês, finalmente, 15 ou
16 anos depois. Depois do turbilhão dos primeiros períodos, chegavam ao quarto.
Uma turma enorme, que mal cabia na sala. Logo que entrei, fez-se o silêncio.
Porém, este silêncio não durou quase nada. Lá ao fundo, já ouvi a risada solta
que iria nos acompanhar durante todo o semestre. Cadê o João Victor Lage? Meu
Deus, mas essa turma fala demais, Alda. É, eles falam, riem de tudo, mas daqui
a pouco engrenam. Então, em meio aquela risadaria solta, eu lancei pela
primeira vez: meu pai, quando éramos criança e estávamos de risinho por tudo,
achando graça de tudo, gritava lá da sala: “Dia de riso, véspera de choro...”.
Todos quando ouvem isso, não sabem nem porque, mas não veem mais sentido em rir
hahhaa. Sempre funciona. Vez ou outra se ouvia a voz da mãe deles, que já
àquela altura era mãe deles, “Gente! Silêncio...”. Cadê a Maria? Eu rapidamente
entendi: são maratonistas, corredores de longa distância, vão tranquilamente no
início e deixam pra disparar no final. E assim foi. A cada Conselho de Classe,
eu como coordenador, Maria sempre como representante, ouvíamos as mesmas
histórias, essa turma tá achando que é brincadeira, tem um menino lá que ri de
tudo. “É, eles são assim mesmo, daqui a pouco acordam...”. Maria Mariana, avisa
a turma que esta semana vou aparecer lá pra gente conversar. E era sempre a
mesma ladainha. Ao final, levavam aquele susto, mas eles mesmos tinham suas
estratégias, se ajudavam. E mais um período se concluía. E outro. E outro...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;">Peço-te o prazer legítimo. E o
movimento preciso. Tempo tempo tempo tempo. Quando o tempo for propício. Tempo
tempo tempo tempo. De modo que o meu espírito. Ganhe um brilho definitivo.
Tempo tempo tempo tempo. E eu espalhe benefícios. Tempo tempo tempo tempo.<o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="color: grey; font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: background1; mso-themeshade: 128;"><br /></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Como
eu disse pra vocês há pouco, cada dia que chego aqui e ouço um aluno me chamar
de professor é como se isso fosse aquela carimbada que a gente levava na
caderneta da escola todo dia: presente! Mais um dia se confirma, eu fiz a
escolha certa. No entanto, ser professor numa instituição pública, num país
como o nosso, em que a maioria dos governantes não prima pela Educação, não é
tarefa fácil. E todo dia pode ser também um 7 a 1. E diante das peculiaridades
de uma escola como essa, há momentos em que a gente precisa fazer escolhas,
porque enquanto a gente vai colocando os ladrilhinhos verdes na parede, tem uns
e outros que vêm com uma marreta e uma ponteira e tenta arrancá-los. Pra vocês,
talvez, sejamos como aquelas bordadeiras nordestinas, sentadas bordando uma
colcha, com desenhos lindos, que a gente só vê depois de pronto. A gente expõe
a colcha, na maioria das vezes, com o sorriso nos lábios, mas por trás do
bordado que se mostra, a trama é muito mais complicada, os fios são muito mais
entrelaçados, há muitos nós, remendos. Mas, ao fim e ao cabo, o que importa de
fato, o que interessa e é valorizado é a beleza do bordado. Talvez sejamos as
bordadeiras da educação e vocês, certamente, o nosso mais belo bordado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="line-height: 115%;">Eu
vi muitos cabelos brancos na fronte do artista</span>. O tempo não para e no
entanto ele nunca envelhece. Aquele que conhece o jogo, do fogo das
coisas que são. É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão</span></u></i><i><u><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><br /></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Quem
me conhece sabe que sou da filosofia clichê, de Facebook, “entre ser feliz e
ter razão, eu prefiro ser feliz...” E pra continuar feliz, recolhendo meus
quadradinhos verdes para ladrilhar minha felicidade, eu decidi mudar. Depois de
12 anos, sendo professor de FisQui, mesmo trabalhando com gente que eu amava
trabalhar, pessoas pelas quais tenho ainda hoje só carinho e gratidão, voltei a
ser professor de Tecnologia de Fermentações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Então,
depois de todos esses anos, me senti inseguro de novo, tive medo de novo. O
medo que é comum a toda mudança, o medo do novo. Aquele mesmo medo que tive em
1998, quando entrei em sala de aula pela primeira vez. Só que dessa vez, além
de ter sido recebido da melhor forma possível por pessoas incríveis na minha
nova equipe, depois de dois anos, quem eu encontro novamente? Sim, vocês todos
novamente!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> A
vida é incrível mesmo, é belo observar os ciclos, os encontros e reencontros.
Nós que nascemos juntos, vocês pra vida, eu para a profissão, nos
reencontrávamos naquela sala de aula em que eu novamente recomeçava, voltava ao
início, à fase lag de novo. E a cada quinta-feira, em que eu acordava, e ainda
inseguro diante de todas as novidades, me lembrava que iria encontra-los, eu me
tranquilizava. São eles, os queridos daquela QM141, os da foto com o Cauã.
Então, eu entendi que a vida é de fato esse ciclo maravilhoso. A cada 5ª feira,
eu me sentava junto de vocês, dessa vez mais pra ouvir do que falar. Pra resgatar,
pra aprender de novo. V</span><span style="font-size: 14pt;">ocês
tornaram essa nova fase muito mais leve, muito mais tranquila. Cada um de vocês
foi um novo quadradinho verde que caiu na minha sacola e fui colocando um por
um na parede da minha vida.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Vocês
me falam do novo. Vocês me falam da empatia, da naturalidade diante do que o
mundo polemiza. Vocês me falam de leveza. A forma como vocês lidam com as
diferenças, com a diversidade, é um ensinamento diário pra mim. A capacidade de
ajudar, de se preocupar uns com os outros. De respirar fundo e conviver com o
diferente, enfim, vocês é que foram professores, ultimamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: 19.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i><u><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 14.0pt;">Passa o tempo e eu
fico mudo. Ontem ainda a ciranda. Vida à toa, a trova branda. Agora envolvendo
tudo... Velho, recordo o menino. Que resta de mim, sei lá. Cajueiro pequenino.
Meu pé de jacarandá...<o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">E se continuamos nessa viagem no tempo, eu
lhes digo: Eu sou Anderson Henriques, tenho quase 45 anos, já tenho muitos cabelos
brancos, dos quais muito me orgulho, não leio mais sem óculos. E falo-vos desde
o futuro. Digo-vos que, em muitos aspectos, sou ainda o mesmo menino que
naquela noite brincava encostado à máquina de costura, escrevendo no quadrinho
de giz e misturando coisas coloridas nos vidrinhos. Sou também aquele jovem com
vinte e poucos anos, recém-formado, cheio de sonhos, de esperanças. Sou ainda o
mesmo que pela primeira vez entrou nessa escola, entusiasmado, mas inseguro,
cheio de medos. Sou todos eles ainda. Mas toda vez que com eles me reencontro,
posso dizer a eles, sem medo de errar, valeu a pena. E desde aqui do futuro, se
tenho algo a dizer-lhes é: acreditem nos seus sonhos, ouçam o menino ou a
menina que vive dentro de vocês, não deixem de ouvir nunca. Voltem sempre a
eles para dar satisfação. Vocês são especiais, vocês são únicos e para mim,
inesquecíveis. No mais, dou-lhes um conselho: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Ainda
que queiram tirar vocês da fase exponencial do crescimento, ainda que perturbem
seu equilíbrio, tenham fé no Principio de Le Chatelier, e reajam sempre a fim
de que o equilíbrio seja restabelecido. No mais, é seguir a vida, colocando na
sacola mais e mais quadradinhos verdes...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ainda
assim acredito. Ser possível reunirmo-nos.Tempo tempo tempo tempo. Num outro
nível de vínculo.Tempo tempo tempo tempo<o:p></o:p></span></u></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<i><u><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></u></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Amo vocês pra sempre!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-67440621393111506312014-09-23T23:11:00.002-03:002014-09-23T23:25:56.794-03:00Sobre rainhas...<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;">Também pra mim, rezar a Salve Rainha é como ouvir poesia. Aprendi essa oração com minha avó, que gostava muito dela. Ela dizia que devíamos rezar a Salve Rainha nos momentos mais difceis, pois era uma oração muito poderosa. Hoje quando vou caminhando para o trabalho, passo todos os dias por uma linda capelinha dedicada a N. Sra. da Conceição e sempre me lembro dessa oração e consequentemente da minha avó. Rezo quase que instintivamente a Salve Rainha, olho pro Céu, esteja ele azul ou nublado, peço luz para alma de minha avó. Em dias de sorte, encontro pelo caminho uma maria-sem-vergonha ou florzinha lilás qualquer, cor preferida de minha avó, e a singeleza da flor é como um afago daquelas que ela me dava. </span><span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;">Assim, desde então a saudade vai amenizando.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1fi7SDWtHJ0k2lnfhN2wuc2eGi2dt2ho0u2U4RVdCk5FjU4r0REAEFbcRGa-edD8733jBpDOOZilb0UQBah8V1WFIk-ji1vRc_fvayVlThNtRwfwCJlHWzFkjidtEZUBKRlSw4Dxd8XfY/s1600/10672269_4338263911935_7859091554737741823_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1fi7SDWtHJ0k2lnfhN2wuc2eGi2dt2ho0u2U4RVdCk5FjU4r0REAEFbcRGa-edD8733jBpDOOZilb0UQBah8V1WFIk-ji1vRc_fvayVlThNtRwfwCJlHWzFkjidtEZUBKRlSw4Dxd8XfY/s1600/10672269_4338263911935_7859091554737741823_n.jpg" height="320" width="240" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlilC88JGL6YyDwKtpY9XrRkdckZMNsI7KxMGTfxH7wzxqh_MtYKruc4vuc0R3t7o851m8Lp22tYj4hcPlKZcm1tQPytYH0BSPGPS0mzZLMm2UoSoPgJfHYQAu_Vj90jKvnxtaJ7dTowAY/s1600/945911_4342373294667_3154099311788579838_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlilC88JGL6YyDwKtpY9XrRkdckZMNsI7KxMGTfxH7wzxqh_MtYKruc4vuc0R3t7o851m8Lp22tYj4hcPlKZcm1tQPytYH0BSPGPS0mzZLMm2UoSoPgJfHYQAu_Vj90jKvnxtaJ7dTowAY/s1600/945911_4342373294667_3154099311788579838_n.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: orange;"><b>Gostou do texto? Obrigado. Que tal compartilhar</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2014%2F09%2Fsobre-rainhas.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-81291842388438670912014-09-23T22:57:00.003-03:002014-09-23T23:06:04.344-03:00Saudade atávica de Portugal<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large; text-align: justify;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghZTx-vHW9tkSO-b1AyflsDbTtuldOYmZzyqEh5MQEANNW4brxloGsA_FO6Gkk9y-SUE-_V6U8aAOT55r49WhuqbvkR44h4_pqkiBkAWCoT-ohJNq-6LVwGtb4OfCyUuAeafN3Bh7DJJBh/s1600/1620493_4337605215468_3877239191280091138_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghZTx-vHW9tkSO-b1AyflsDbTtuldOYmZzyqEh5MQEANNW4brxloGsA_FO6Gkk9y-SUE-_V6U8aAOT55r49WhuqbvkR44h4_pqkiBkAWCoT-ohJNq-6LVwGtb4OfCyUuAeafN3Bh7DJJBh/s1600/1620493_4337605215468_3877239191280091138_n.jpg" height="400" width="316" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-large;">Tenho uma saudade atávica de Portugal. Hoje, ouvindo canções lusitanas, lembrei-me de Portugal, de Lisboa, de mim sentado à beira do Tejo, do por-do-sol na Ribeira, das gaivotas sobrevoando o Douro. Sinto essa saudade de algo que não vivi, saudade que veio na memória, herança de meus bisavós, de algo que ficou deles em mim, em minhas células, em meu código genético. Lembrei-me do que senti ao chegar no Porto, da incrível sensação de estar voltando àquela terra tão minha, mas que no entanto nunca tinha colocado os pés. Foi como se o desejo de um dia retornar à terrinha, que certamente esteve no coração de S. Manoel e D. Josephina, que partiram de sua pátria, das terras de trás-os-montes, passando dias a cruzar o Atlântico, em busca de uma terra de esperanças, de sonhos, tivesse finalmente sido cumprido. Eu, que não convivi com eles, não tenho lembranças, chorei de uma alegria tão minha, como se de fato voltasse à terra de onde um dia havia partido. Senti como se tivesse finalmente libertado da alma deles a saudade que nem a morte pode findar. O fado me emociona de um jeito, que suponho só um português pode sentir, e eu sinto isso nitidamente. Tenho uma saudade de Portugal que às vezes me chega a doer</span>.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange;"><b>Gostou do texto? Obrigado. Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2014%2F09%2Fsaudade-atavica-de-portugal.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-85587881453049488322014-09-23T22:49:00.004-03:002014-09-23T22:53:35.029-03:00Eu vi o amor...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4X9FbNcNzDe6dcvNyZdK19JxdeYIqvyL0bAk5l-trCLIkSOcJ9JeJuV4fmdOzA20wnyqZhszY64wuPXuIAE3jtN89xjsHsrIxXEKNK5seNVx-KsxJeueXVa_TS0OQOwgMWroool11R-Du/s1600/sandra+e+cau%C3%A3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4X9FbNcNzDe6dcvNyZdK19JxdeYIqvyL0bAk5l-trCLIkSOcJ9JeJuV4fmdOzA20wnyqZhszY64wuPXuIAE3jtN89xjsHsrIxXEKNK5seNVx-KsxJeueXVa_TS0OQOwgMWroool11R-Du/s1600/sandra+e+cau%C3%A3.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-large; line-height: 27.6000003814697px;">Hoje, em meio à correria do meu dia, entre engarrafamentos na Av. Brasil e Linha Vermelha, longa espera para uma consulta de minha mãe no HCE, dei uma passada na casa de minha irmã para ver meus sobrinhos. Tudo muito cotidiano. No entanto, fui pego por uma emoção muito grande quando vi, como tantas outras vezes, minha irmã interagindo com meu sobrinho mais novo. Eu fiquei realmente muito comovido e pude sentir nitidamente a força da relação entre os dois. Vi como ele, apesar dos poucos meses de vida, olha para ela com um amor que sai pelos olhos, que o faz sorrir de alegria, numa felicidade que emana e contagia quem está por perto. Por outro lado, ela também brincando com ele, beijando, acariciando, com um amor que é lindo de se ver. Eu vi a alma dos dois sorrindo uma pra outra. Minha irmã não planejava mais ter filhos, sempre foi uma mãe dedicada à educação das crianças, e quem conhece meus sobrinhos, sabe exatamente do que estou falando. O Cauã nasceu de um reencontro após vinte anos. Desde o primeiro momento em que minha irmã soube, ainda grávida de poucos meses, da possibilidade dele ter Síndrome de Down, ela sempre se mostrou confiante, guerreira e pronta a abraçar essa missão, se essa fosse a vontade Deus pra vida dela. Cauãzinho nos surpreende a cada dia, superando as dificuldades e derrubando todos os mitos a respeito dos bebês com Síndrome de Down. Minha irmã tem sido incansável na dedicação à estimulação tão essencial para o desenvolvimento do meu sobrinho, através das sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, praticamente todos os dias da semana. É óbvio que tudo isso só é possível devido ao suporte e carinho do meu cunhado. Hoje eu pude de fato perceber o quanto é importante o amor e a dedicação dos pais a seus filhos. Tanto pela relação dela com o Cauã quanto pela parceria dos irmãos mais velhos, que ajudam e também demostram enorme carinho pelo caçula. Seus cabelos estavam meio emaranhados, as unhas sem esmalte, a sobrancelha por fazer. Porém, que importância pode ter isso? Qual o tamanho real dessas coisas? Hoje eu vi no olhar trocado entre ela e ele um amor incondicional, uma gratidão que brota dos olhos daquele bebê, como se ele dissesse a todo tempo: "mamãe, obrigado por me fazer o bebê mais feliz desse mundo". Saí desta visita corriqueira, inesperada, com meu espírito enlevado! Obrigado também por isso, irmã. Te amo muito!</span><br />
<span style="font-size: x-large; line-height: 27.6000003814697px;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 27.6000003814697px;"><b>Gostou do texto? Obrigado. Que tal compartilhar?</b></span><br />
<br />
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2014%2F09%2Feu-vi-o-amor_23.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-46891062537186361582014-09-14T22:52:00.000-03:002014-09-14T23:00:54.594-03:00Ser diferente é exatamente igual<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil04qx3vf1jRxm4ilNx0O8MvTwHLHnbPF4YY_n36gPebN23Oxi8_grR3DpwaLip7g5qzOSV2z4YN36pUMVnQX0nuk2vHw2cDP4M9h-S7hDDJufiRrgUu6JexNLP1DDcNeEyPTH-jQCHq5V/s1600/DSC_0212.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEil04qx3vf1jRxm4ilNx0O8MvTwHLHnbPF4YY_n36gPebN23Oxi8_grR3DpwaLip7g5qzOSV2z4YN36pUMVnQX0nuk2vHw2cDP4M9h-S7hDDJufiRrgUu6JexNLP1DDcNeEyPTH-jQCHq5V/s1600/DSC_0212.JPG" height="320" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Pela
primeira vez, estivemos só nós dois. Eram sete da manhã. Ele veio todo
arrumadinho, jardineira jeans, body laranja, tênis. Olhos amendoados que prestavam atenção em tudo.
Coloquei-o na cadeirinha atrás do carro. Ele ficou lá quietinho, olhando de vez
em quando pra rua, outras vezes fixo pra mim, que dirigia, e vez ou outra
olhava pra trás. O samba, daqueles do recôncavo, na voz de Bethânia, que tocava
no CD player me fez lembrar de outro menino que há alguns anos atrás dizia: “tio,
põe aquela dos camaradas”. Em pouco tempo, com o balanço do carro, ele pegou no
sono. Eu fiquei pensando em como tudo é igual, tentando imaginar o que estaria passando
pela cabeça daquele menino, com quem estaria sonhando naquele momento? </span><span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Não
houve tempo de lembrar da diferença. Como ele, eu também não me dava conta de
que havia um cromossomo a mais. Mas isso de fato deveria ser lembrado? Não. Pois
nada muda. Ser diferente é exatamente igual. Dormia ali a mesma inocência, com seu tempo de viver descobertas, de amar, de dar e receber carinho, de sentir dor, de ficar triste, de estar alegre.
O diferente sorri e chora, como todo mundo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"> Só
agora, enquanto escrevo, me veio à mente o dia em que soubemos que aquele bebê, que
pela força do destino, ou mesmo das circunstâncias, nascia em nossa família,
era “especial”. Especial era a palavra escolhida então para amenizar ou nos convencer de algo que
naquele momento daríamos tudo pra mudar. Lembrei-me da nossa primeira foto em
família, da pediatra que insistia em tirar a foto do grupo. Da alegria que parecia inabalável e que
durou parcos minutos. Meu cunhado com aquele roupão verde, enquanto o bebê
ainda meio ensebado se agitava na incubadora, me dizia: “nossas expectativas se
confirmaram, ele tem síndrome de down”. Expectativas?! Como de costume, diante de notícias
inesperadas, eu tentei manter a calma e dar a mim mesmo alguns segundos para
entender o que estava acontecendo. Enquanto todos olhavam o bebê mais agitado,
mais esperto do berçário, felizes, orgulhosos, avó, tia, padrinho, eu fiz parar
o tempo ao meu redor e projetei todas as dificuldades, limitações, preconceitos,
que ele sofreria. Diante do inesperado, do pouco provável, eu me perguntava o
porquê daquilo estar acontecendo conosco. Por que quis o destino nos colocar naquela situação após vinte anos, quando não esperávamos mais
um bebê na família, quando já nos sentíamos aliviados de sermos todos "perfeitos".
Por quê? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">A resposta a essa pergunta veio muito antes do que eu poderia supor. A alegria que
inundava aquele quarto da maternidade, o sorriso no rosto de minha irmã, o amor
vazando pelos olhos de meu cunhado, não eram diferentes. Tudo igual às outras
quatro vezes que havíamos passado por aqueles momentos, quando as crianças que
haviam nascido eram "perfeitas" como sonháramos, numa época em que nem nos preocupávamos em
contar cromossomos. A cada um que chegava, irmãos, primos, avós, tios, todos
tinham a mesma reação. Eu via ali, diante dos meus olhos, aquela minha
gente pondo em prática tudo que havíamos aprendido desde sempre, e não podia
ser diferente, pois havíamos apreendido o amor, havia o vínculo que nos marcava
como família, de sangue ou não. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Desde então tudo o que sinto é orgulho de
pertencer a essa gente, que caminha comigo, que sonha comigo. Falo obviamente da
família, dos irmãos, dos pais, sobrinhos, dos tios, primos, mas falo como o mesmo orgulho também
dos amigos, irmãos de alma, que o acaso, destino, circunstâncias, Deus, ou o que
seja, colocou no meu caminho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Eu
e ele sozinhos pela primeira vez. Pensei no quanto a vida da gente é surpreendente
e dinâmica. Pensei na oportunidade que havíamos recebido. Mas sobretudo me senti feliz,
concretamente feliz, sim uma felicidade palpável, essa que tem nos feito
experimentar na realidade tudo o que tem acontecido desde que esse menino veio
conviver conosco. As experiências da família que está unida em qualquer
situação, das minhas irmãs, do quanto conseguimos dar suporte uns aos outros,
do quanto conseguimos dosar as nossas diferenças e conseguimos conviver esse
amor fraternal de forma tão real, concreta, sem firulas de fotografias. Minha
mãe e sua capacidade de lidar com tudo isso, de forma tão sábia, seu amor que
está acima de qualquer dificuldade, de sua capacidade de não se permitir
contaminar por preconceitos e padrões. Meus sobrinhos tão lindamente humanos,
carinhosos, vivendo essa forma tão independente de amor, de família, o quanto
eles se tornarão seres humanos melhores, mais antenados às dificuldades e as complexidades do
indivíduo e como é possível superar e tornar as coisas verdadeiramente mais
fáceis, quando se caminha junto. Do amor que transborda e alinhava minha
relação de cumplicidade, companheirismo de uma vida inteira, do quanto isso
tudo tem acrescentado ao nosso cotidiano. Enfim, da capacidade de se deixar
invadir e transformar-se por essa criança que temos em comum.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Onde
ficaram aquelas preocupações todas? Onde foi parar o medo do futuro? Que
certezas podemos ter a respeito da vida? Todos somos limitados, de alguma
forma. Quais as garantias que temos de que seremos felizes, de que alcançaremos
nossos objetivos? O fato de termos um cromossomo a menos nos dá algum
passaporte para um futuro fácil, com felicidade, realizações, garantias, sucesso? O que é ser perfeito? Naquele
dia, quando ouvi pela primeira vez a frase “está confirmado, nosso Cauã tem
Down”, eu tive medo de todas essas perguntas e por intermináveis segundos, o
tempo parou, congelou. Hoje, passados seis meses, depois que o tempo voltou ao
seu curso, em que vimos vivendo um dia após o outro, em que cada etapa é
vencida, cada mito cai por terra. É como se juntos, todos nós, subíssemos no
mesmo pódio a todo tempo, mostrando ao mundo que nós temos um troféu, nós
ganhamos a mais perfeita coroa de louros. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Não preciso convencer ninguém de
nada, nem a mim mesmo eu preciso. É obvio que não nos foi dada possibilidade de
escolha, e o incrível da vida está aí. Não vou me colocar na posição de que se
pudesse escolher... pois, de fato, nem sempre nos é dada essa oportunidade. No
entanto, quando podemos, que façamos como temos feito, escolhamos ser felizes
em fazer do que temos a grande oportunidade de nos tornamos seres humanos
melhores, de colocarmos em prática a firmeza de caminharmos juntos, de
suportarmo-nos mutuamente. Também não vou dizer que tem sido difícil, pois
me parece que depois dele tem sido tão mais prazeroso, tão mais doce, mais leve, viver. Ainda não tenho todas as respostas para as perguntas que me afligiram
naquele instante, mas elas também não me afligem mais. O que tenho hoje me
sustenta, me fortalece, me fez sentir especial, por ter sido escolhido pela
vida para viver essa experiência. Ainda há dúvidas, como sempre houve e sempre
haverá. Como disse, não há garantias. Mas isso não é privilégio de quem tem um
cromossomo a mais. A incerteza faz parte da vida. No entanto, as certezas
ficaram mais claras desde então. Não sei como será o futuro, e nunca haveria de
saber. Contento-me com o presente. E esse cromossomo a mais, sem exagero, tem
sido o melhor de todos eles.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS2kdZLdEbjh6rHsFWAxqqh91jJaXyH4z8a5vYUdKo1fSm_9HRYb-kqjnaH4pHbtsvYIFXLhihROV5u6atJcyhdPECyBrMe4yhWE5BjVv30haBp-WfF73DPyQICWwtLFy1F3KarS3F7Hre/s1600/DSC_0200-horz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS2kdZLdEbjh6rHsFWAxqqh91jJaXyH4z8a5vYUdKo1fSm_9HRYb-kqjnaH4pHbtsvYIFXLhihROV5u6atJcyhdPECyBrMe4yhWE5BjVv30haBp-WfF73DPyQICWwtLFy1F3KarS3F7Hre/s1600/DSC_0200-horz.jpg" height="142" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar? </b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2014%2F09%2Fser-diferente-e-exatamente-igual.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-30164106272033142372014-07-19T20:36:00.002-03:002014-07-19T21:02:53.386-03:00Carta para Rubem Alves, esse amigo que nunca me viu.<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Querido amigo-que-nunca-me-viu,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">“Eu tenho muitos amigos que continuam a gostar de mim, a despeito de</span></i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> <i>me
conhecerem. E tenho também muitos amigos que nunca vi”. (Rubem Alves)<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBVWOIf3QVbM0gKJpKUP7lZXdgfv4Ol8Fa9xipLNn8bg846nGh4RopyDwQm8hPUd08FmH2JAsN6OjrpYvTp2hn4p64mEkBy0WGzx20_LzanShAkp0fclU6J6aQxTFW0uSTXiQWdxVzE5mk/s1600/10568852_4128581910016_4040219143811759771_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBVWOIf3QVbM0gKJpKUP7lZXdgfv4Ol8Fa9xipLNn8bg846nGh4RopyDwQm8hPUd08FmH2JAsN6OjrpYvTp2hn4p64mEkBy0WGzx20_LzanShAkp0fclU6J6aQxTFW0uSTXiQWdxVzE5mk/s1600/10568852_4128581910016_4040219143811759771_n.jpg" height="240" width="320" /></a><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Hoje, dia do meu aniversário, dentre
as muitas mensagens recheadas de desejos de felicidade que tilintavam em meu
celular, uma amiga, que você também nunca viu, mas que temos em comum, me dizia:
“O Rubem Alves faleceu </span><span style="font-family: Wingdings; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-symbol-font-family: Wingdings;">L</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">”. Imediatamente fui tomado por um pesar, uma tristeza,
daquelas que a gente só sente quando perde um amigo querido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Há menos de uma semana, entrei numa
livraria para comprar um presente e escolhi um livro seu. Gostei tanto do livro
que desisti de dar de presente e fiquei com ele pra mim. Hoje ao saber da
notícia de sua morte, corri para abrir o meu presente... e ler suas <i>passagens da alma</i> e pensei: “meu Deus,
quanto tem de mim nisso tudo”. Obrigado, pelo lindo presente. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Desde que li um
texto seu pela primeira vez, fiquei encantado com sua forma de olhar o mundo, a
visão tão leve e o pensamento preciso a respeito da simplicidade da vida. Quantas
então não foram as vezes que você me acompanhou em minhas viagens, nas intermináveis
horas dentro de um avião, nas salas de espera da vida. Desde então, ao ler os seus livros,
seus pensamentos, é como se eu estivesse conversando com um amigo querido, um
amigo mais experiente, muito mais sábio, com um jeito de pensar muito leve e
libertador. Obrigado por me fazer entender que "pensar é voar sobre o que não se sabe".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Quantas e quantas vezes, fomos apenas
você e eu. No silêncio do meu apartamento, na contraluz da luminária, varamos madrugadas conversando deliciosamente. Você me fazendo rir, me fazendo chorar,
enchendo meu coração de esperança na vida, nas pessoas, me ensinando a ser
melhor professor, educador, ser humano. Me fazendo sentir privilegiado pela nobreza do meu ofício.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Eu não posso deixar de te agradecer pelo
tanto que me ensinou a respeito de catar a poesia que se derrama no dia-a-dia,
na simplicidade das coisas, no belo da natureza. Você me ensinou que “os olhos são
pintores: pintam o mundo de fora com as cores que moram dentro deles”. Me
ensinou a colher o dia como quem colhe morangos vermelhos à beira do abismo. Até
da culpa de às vezes ser preguiçoso você me livrou, me dizendo que a “preguiça
é a virtude dos seres que estão em paz com vida”. Sempre lembro disso quando tenho
umas provas e relatoriozinhos pra corrigir e me apega a isso com toda força.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Sabe, eu vou viver não sei quantos
dias e talvez não serei capaz de agradecer o quanto você me ensinou sobre Deus.
Você me ajudou a tirá-lo das gaiolas em que eu o havia aprisionado. Você me
apresentou um Deus tão mais leve, tão mais Amor, Inteligência e Liberdade. Você me apresentou um Deus que não vive enclausurado em templos, mas anda pelos jardins. Como poderei
retribuir isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 19px; line-height: 28px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 19px; line-height: 28px;">Lembra quando você me disse certa vez que “o sonho de cruzar os mares precede a ciência de construir navios”? Eu entendi desde então que era preciso sonhar sempre, pois o sonho é a força motriz da realidade. </span><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Foi também em uma de nossas inúmeras conversas que
aprendi a empurrar o balanço da criança que existe em mim com as duas mãos,
aproveitando o momento intensamente, vivendo o presente, e deixando pra lá o
jornal cheio de notícias desanimadores, que eu lia enquanto empurrava o meu menino. Aprendi mais do que nunca
que saber ser criança é a receita da felicidade. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Lembra do pé de jabuticaba, cheinho
de bolotinhas? Ai como eu aproveitei. Como eu fui e voltei naquele pé várias e
várias vezes desde então. Lembra de mim chupando os carocinhos da fruta-do-conde
com as crianças? Lembra daquela minha azaleia, que nada sabe de química,
biologia, física, mas que como nenhum cientista consegue transformar o que
absorve da terra e devolver-me como num encanto lindas flores lilases que me
fazem lembrar de uma avó querida? Pois, então, ela ainda está por aqui e dá
flores cada dia mais lindas. Dia desses, eu plantei alecrim e hortelã, e
vingou. Foi você que me ensinou que cultivar jardins era importante. O alecrim
anda perfumando minha casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Como não lembrar de você diante de
folhas amarelas de Ipê caídas lá na estrada que me levava para o encontro com o
rio, o velho Chico. E mesmo ao mergulhar no rio, ou estar sentado à beira dele,
ou mesmo à sombra de um enorme flamboyant, com aqueles meus amigos que você me
ensinou a valorizar e a aproveitar cada momento junto deles, pois “estar junto
é divino. Deus mora nos intervalos entre as pessoas que se amam”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Querido amigo, não fica preocupado
comigo. </span><span style="font-size: 19px; line-height: 28px;">Hoje, também por causa de você, eu respeito meus momentos de tristeza e dor, pois a tristeza também pode ser bela e como você mesmo me ensinou “ostra feliz não faz pérola”. </span><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Sei que você não tinha medo da morte, só
queria era ficar por aqui, por achar o mundo tão bonito! Mas como você mesmo
dizia, “escrever é o meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente.
Depois que eu for, elas ficarão”. Você estava certo. Como disse, outra velhinha amiga,
também muito sábia, "não morre aquele que deixou na terra a melodia do seu cântico na música de seus versos". </span><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Por aqui você plantou jardins. Você
ficou. E ficará pra sempre.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Dizem por aí que morrer é passagem, é
nascer de novo. Sendo assim, poderemos comemorar nossos aniversários juntos
a partir de agora e pra sempre. E, por falar em aniversário, v</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">ou ficando por
aqui. Ainda estou cheio de coisas pra fazer, vai ter festa amanhã. Só parei para um papinho rápido.
Abri o armário e vi que ainda tenho muitos e muitos livros seus para ler. Que bom. Logo,
logo, volto e a gente coloca a conversa em dia. No mais, feliz vida eterna pra
você. Nos vemos no tempo da delicadeza!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Desse seu amigo que você nunca viu.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 150%;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2014%2F07%2Fuma-carta-para-rubem-alves-um-amigo-que.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-54473299839668295512014-06-20T16:44:00.006-03:002014-06-22T19:55:26.535-03:00É preciso saber viver, pois viver não é preciso.<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD-OH4ILwre_hu-gh_rY2UDmyIEF5sCSbem-t0oQPEtNJ6JRrr9Gjr-ZFxAwvjPtK0KxXF_3V5WKinqSef88M1w11HqY28rbYVhEib_8QvdWJJSUr0-ZqB2L7Kv7q9LfuQhppw3G8dNt1x/s1600/10439511_1497841733767810_7037623756211526093_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD-OH4ILwre_hu-gh_rY2UDmyIEF5sCSbem-t0oQPEtNJ6JRrr9Gjr-ZFxAwvjPtK0KxXF_3V5WKinqSef88M1w11HqY28rbYVhEib_8QvdWJJSUr0-ZqB2L7Kv7q9LfuQhppw3G8dNt1x/s1600/10439511_1497841733767810_7037623756211526093_n.jpg" height="213" width="320" /></a><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Sentei à frente do computador com a
ideia de escrever sobre as minhas primeiras impressões a respeito do novo CD de
Maria Bethânia, “Meus Quintais”. Porém, há vezes em que as palavras se impõem de
tal maneira, que parece até que elas têm vontade própria e se colocam quando e
do modo como querem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em meio a tanta leitura a respeito do
novo CD, entrevistas, vídeos, declarações, etc., acabei deparando-me novamente
com um <a href="http://www.youtube.com/watch?v=c-qz46dnXL0" target="_blank">video-release</a> em que a cantora fala sobre o porquê de seu
novo trabalho trazer à tona suas memórias de menina, pendurada num galho de
árvore, no quintal de sua casa em Santo Amaro da Purificação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">“É porque estou ficando velha, porque eu sinto falta disso,
sinto falta de todos os meus que já se foram... que gostavam de mim... com
muita coragem de dizer que gostavam”.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Nesse momento, sua voz fica
embargada, ela respira fundo e a emoção toma conta por completo. Mostra-se a
menina. Despe-se a cantora, a diva do imaginário popular. Diante da memória do
seu quintal, de sua meninice, naquele instante, é como se nada mais fosse
importante. A emoção tocou a essência do ser. Lembrei-me do meu encontro com
ela, certa vez, e da dedicatória que dizia: “eu sou apenas uma mulher”.
Entendi, finalmente, o que ela quis dizer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Continuando a entrevista, em dado
momento, ela afirma que não se sente saudosa, não sente falta da menina, pois a
menina está sempre com ela. Sente falta dos seus, mas que, de alguma maneira,
também estão com ela e nela. Veio-me então o “meu” menino, o meu quintal, o meu
sobrado, e a mesma falta que sinto daquela que me ensinou tudo sobre “amor,
festa e devoção”. Pra mim, também, essa falta nunca foi tristeza. Pelo
contrário, sempre me impulsionou a seguir em frente. A presença tão nítida de
minha avó em mim, nos meus gestos, em minhas atitudes frente à vida, tornou sua
morte muito mais amena, bem menos dolorosa. Essa falta também tem me levado
desde então ao meu quintal, onde continuo menino, onde sou mais eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">De repente, em meio a toda essa
reflexão, salta na tela do computador, uma foto de meu sobrinho, internado há
alguns dias numa UTI infantil, com olhos vivos, atento, brincando embolado
entre esparadrapos, mangueirinhas de soro, agulhas e acessos. A metáfora, por
quem tanto tenho apreço, meteu-se em meio às palavras. Veio-me novamente minha
avó e a mesma capacidade de não deixar a alegria sucumbir à dor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">É claro, que de alguma maneira isso
está conectado com os “meus” de que Bethânia falou. Pois, nossas reações diante
da vida dependem da fonte, da origem, daquilo que nos foi oferecido pelos “nossos”.
E é nessas horas que instintivamente somos capazes de repetir os mesmos gestos,
a mesma forma de lidar com o inesperado. “Tem a ver com o galho”. Tem a ver com
a árvore, com as raízes, com o quintal. Tem a ver, por exemplo, com a nitidez
com que vejo em meu sobrinho, mesmo que recém-nascido, a mesma atitude de não entregar-se
a dor que via em minha avó. Tem a ver com o umbigo. É óbvio, tem a ver com os “meus”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A perda, a falta dos que se foram, a emoção,
a capacidade de superação, a metáfora, enfim, o livre arbítrio das palavras, acabaram
por me trazer de volta o que disse em <a href="http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/v/erasmo-carlos-conversa-com-o-fantastico-sobre-a-morte-do-filho-alexandre-pessoal/3369813/" target="_blank">entrevista ao Fantástico</a> o também cantor
Erasmo Carlos, dez dias após a morte de seu filho, estreando uma nova turnê de
shows:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">“Todos têm sua cota de alegria e de sofrimento. Apenas chegou
a hora. Algum dedo apontou pra mim e falou: ‘chegou a sua hora de sofrer um
pouco’. Eu vivo esse momento. E daqui a pouco minha cota vai melhorar de novo”</span></i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Desde quando assisti à entrevista, fiquei
refletindo sobre essa necessidade de impor-se diante da dinâmica da vida. Superar-se
é sempre uma escolha. Não paralisar diante do difícil, do dolorido, depende
única e exclusivamente de nós mesmos, ainda que, geralmente, tenhamos que tomar
essa decisão em momentos em que talvez o que mais quiséssemos era que tudo
não passasse de um sonho, de uma cena de novela, de um faz-de-conta qualquer.
Não foi sem sofrer, sem chorar, sem se despedaçar, que aquele pai decidiu que o
show tinha que continuar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Será atávica essa capacidade de
escolher a alegria de viver? Esteve na mãe centenária da cantora, está na
própria meninice da cantora. Esteve em minha avó, está no meu sobrinho. Esteve em
minha irmã e em meu cunhado quando, ainda na sala de parto, não titubearam em
escolher o caminho do amor incondicional. Esteve em mim e nos “meus” quando
vimos pela primeira vez escritas num pedacinho de papel nas mãos daquela pediatra
as palavras “síndrome de Down”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">É lógico que escolher seguir
caminhando não elimina o sofrimento inerente ao caminho. Não é garantia de que
não haverá dor ou tristeza, e, em certos momentos, desânimo. Porém, retirar a “pedra
do caminho”, como diz a canção do Erasmo, é questão de escolha. E, diante da necessidade
que se impõe, desviar sempre pode nos trazer novas paisagens, novas formas de
ver a estrada pela frente. Para nós, naquele corredor da maternidade, onde
passado, presente e futuro se compactaram num átimo, que fez o tempo parar e o chão desaparecer por alguns segundos, a “pedra” imediatamente se
transformou em oportunidade. Oportunidade de nos tornarmos melhores humana e espiritualmente,
de estarmos mais atentos ao diferente, mais consciente das necessidades do
outro. Naquele instante, nos foi dada a chance de sermos melhores pais, avós,
tios, padrinhos, irmãos, primos. E, novamente, o menino, a criança, se colocou acima de qualquer rótulo de perfeição. A frustração momentânea, hoje e a
cada instante percebemos, estava muito mais ligada ao medo do novo do que à
realidade em si, que tem sido muito melhor do que aquela “perfeita” que
idealizamos. Tempo e perfeição ganharam significados muito melhores desde então.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Portanto, tolos são aqueles que
acreditam que passarão pela vida sem sofrer. Ou aqueles que, na ânsia de
proteger os seus, exageram na dose e os incapacitam para as surpresas da vida. Como
diria a cantora, a “vida é real e de viés”. Não há como tornar-se
imune ao sofrimento, a dor, a dúvida. Tudo isso faz parte do pacote. É
importante que estejamos, senão totalmente preparados, ao menos conscientes do
que podemos encontrar pelo caminho. Deus nos livre de só sabermos ser “alegres”,
“eufóricos”, “de bem com a vida”. Isso é falso, é frágil. Aceitar
o sofrimento não é questão de covardia ou de inércia frente ao ruim da vida. Muito
pelo contrário, renegá-lo, ou tentar escondê-lo, é o que pode nos dar a falsa
impressão de que tudo está bem. Quando não está. Desanimar faz parte. Nessas
horas é que precisamos do menino, da criança, cujo compromisso primeiro é com a
alegria de viver. “A arte de sorrir, cada vez que o mundo diz que não”. A
sabedoria está em tomar a dor e seguir com ela, sem se deixar paralisar por
previsões desanimadoras e rótulos preestabelecidos. Carregar a dor nos braços é
domá-la, é dar a ela outras cores. Essa consciência de que o sofrimento faz
parte da vida, torna-o até mais simpático, mais amigo. No fim das contas, as
possibilidades, as alegrias vindas da superação são tantas que a parte dolorosa fica
até meio perdida, esquecida pelo caminho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Meu avô, que já viveu bastante, e que
faz parte dos “meus” que gostam de mim, com coragem de dizer que gostam, vive insistentemente
repetindo – traído por sua memória vacilante – que “viver é bom, porém, saber
viver é que são elas”. Ele, certamente, não lembra mais de Erasmo e Bethânia, mas
sua memória não falha em afirmar que “é preciso saber viver”, sem esquecer de
que “viver não é preciso”, ou seja, não tem receitas, roteiros, nem fórmulas exatas. Viver se aprende vivendo. E
como dizia o poeta, "eu francamente já não quero nem saber, de quem não vai por
que tem medo de sofrer. Ai de quem não rasga o coração. Esse não vai ter perdão".<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">● ● ●<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Terminei esse texto, assistindo à vitória
da seleção da Costa Rica sobre a tetracampeã mundial de futebol, Itália. No
chamado grupo da morte, da Copa de 2014, composto pelo azarão Costa Rica e por três seleções campeãs
mundiais – Itália, Uruguai e Inglaterra – todos apostavam que a Costa Rica
seria facilmente eliminada. Só eles não. Resultado, em duas rodadas, é a única
seleção do grupo já classificada para a próxima fase, eliminando todas as
chances da Inglaterra e deixando Itália e Uruguai em situação bem complicada.
Era exatamente dessa história de não acreditar em rótulos, de superação, que eu
estava tentando falar.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><b><br /></b></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 150%;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 150%;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2014%2F06%2Fe-preciso-saber-viver-pois-viver-nao-e.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-36311562091661053882014-06-13T19:03:00.001-03:002014-06-15T14:22:32.645-03:00Sobre pontes, cadeados e namorados<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4AGaE4In_ZMs5itEWxUGXgtaR55kCfeakgojg0a5D2IWkcdRe7xSd5WokxaCoiv_307q812Khayf73WlSQ4IvLYMPm1OQ5_gjyk5_Uoabj810cvgftMv1MIxhMrWocijPFJ-rtEXD47LN/s1600/DSC_2338.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4AGaE4In_ZMs5itEWxUGXgtaR55kCfeakgojg0a5D2IWkcdRe7xSd5WokxaCoiv_307q812Khayf73WlSQ4IvLYMPm1OQ5_gjyk5_Uoabj810cvgftMv1MIxhMrWocijPFJ-rtEXD47LN/s1600/DSC_2338.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pont des Arts, Paris - Abril de 2014</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Saiu nos jornais, esta
semana, uma reportagem a respeito da famosa <i>Pont des Arts </i>em Paris, onde casais
apaixonados tem o costume de colocar cadeados e jogar a chave fora nas águas do
rio Sena, simbolizando o amor eterno. No último domingo, a
ponte cedeu, devido ao peso dos milhares de cadeados presos às grades da mesma,
precisando ser interditada, pois parte do alambrado caiu. Ao ler a reportagem
fiquei pensando no quão metafórica essa situação poderia ser. Na verdade, das
vezes que passei por essa ponte, e por tantas outras pelos lugares que já
visitei, sempre fiquei imaginando coisas sobre as histórias de amor que estavam
ali representadas. Fico lendo os nomes das pessoas, dos casais, as juras de
amor eterno, etc. Alguns cadeados são mais simples, outros mais ostensivos,
alguns bem pequeninos, outros enormes. Sempre me pergunto: “quantos desses
casais ainda permanecem juntos?”.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Nesses dias em que muitas
pessoas andaram postando declarações de amor, procurando presentes, enfrentando
filas em restaurantes, etc., é de se pensar a importância do simbolismo de uma
data, de uma tradição, de um ritual, como aquele de colocar um cadeado
pendurado numa ponte. Eu seria muito vil se tentasse dizer que essa história de
comemorar dia dos namorados, pendurar cadeado em pontes, etc. é uma tremenda
bobeira. Definitivamente, não acho que seja. Rituais e simbolismos são bastante
úteis para marcarmos o tempo de nossas histórias. Sou completamente adepto da
celebração, da festa. Porém, não passou em branco pra mim, também, o simbolismo
da ponte cedendo ao peso dos cadeados. Amor é leve. Amor não aprisiona.<span class="apple-converted-space"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Parece que não há receita
mágica para o amor, nem símbolos são artefatos ou truques que retiramos de uma
cartola ou canastrinha encantada. Portanto, é quase que intuitivo entender que
de nada adianta prender cadeados em pontes, mandar flores, postar fotos e
declarações de amor em um dia do ano, se tudo não passar de promessas vãs. A
eficácia está em fazer valer a simbologia do ato em si. Transformar o sinal em realidade. Pra
isso é preciso ir além do próprio simbolismo. Além da ponte, além das palavras
que cabem numa postagem no facebook, além da floricultura, da lojinha no
shopping, do restaurante chique e disputado. Enfim, é preciso fazer-se
presente, esforçar-se, doar-se, surpreender não apenas numa manhã de junho, mas
a todo instante. Um amor que se deseja pra sempre pode até prescindir de
símbolos, ainda que eles sejam interessantes, mas certamente para se ter uma
relação duradoura é imprescindível, acima de qualquer coisa, dedicação mútua.<span class="apple-converted-space"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Portanto, creio que seja
saudável que amemos além dos dias oficialmente marcados no calendário para o
amor, que dediquemo-nos nas situações mais simples e cotidianas. Que tal darmos
de presente ao outro, a cada dia, a nossa paciência, a nossa compreensão, nossa
capacidade de silenciar quando necessário? Que tal dizermos ao nosso par um
“não” bem redondo na hora certa? Que tal não economizarmos as palavras de
carinho, a boa companhia, a cumplicidade, a troca de olhares nos momentos difíceis? Que tal não nos omitirmos com relação àquilo que nos incomoda no outro? Não deixarmos o "pote até aqui de mágoas"? Não esperemos para ser românticos, carinhosos, compreensíveis, alegres, apenas
quando isso nos parecer ser a derradeira tentativa de salvar nossas relações de
amor. Antes, esforcemo-nos, dediquemo-nos ao outro, <i>profilaticamente</i>. Façamos
valer a pena cada instante vivido juntos. Sejamos capazes de amar,
principalmente, os defeitos do outro. Que tal presentearmos o nosso companheiro
ou companheira com um projeto de vida real a dois, projeto esse que inclua o
esforço para se ter o máximo possível de dias alegres, que – obviamente –
inclua a capacidade de surpreender o outro com momentos românticos e
presentinhos inesperados, com símbolos, mas não deixe de fora a paciência para
dias mais difíceis, a capacidade de compreender o outro, respeitando seus dias
menos nobres? A velha história do revezamento na função de segurar a lua nas
noites da vida a dois.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDugklFY3rmtCE8BO8E_1O_D2NYAnxA9IGbrGD-hh5suwLBq5flx_MsEOOwlBA_fa89f7Q8gEqlLC-TRTOFCWiPwHgGtEBsgThrqx9CkXFx99oNgXRYGjp_M9yz6F7sypqM8Gxrk4AqYXw/s1600/DSC_2963.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDugklFY3rmtCE8BO8E_1O_D2NYAnxA9IGbrGD-hh5suwLBq5flx_MsEOOwlBA_fa89f7Q8gEqlLC-TRTOFCWiPwHgGtEBsgThrqx9CkXFx99oNgXRYGjp_M9yz6F7sypqM8Gxrk4AqYXw/s1600/DSC_2963.JPG" height="200" width="129" /></a><span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Sinceramente, não gosto
do cadeado – cuja chave se jogou fora – como símbolo de amor verdadeiro e
eterno. Como já disse, amor pra mim é liberdade. É como diz o poeta: “é um
estar-se preso por vontade” e não por falta de opção, porque a chave foi
perdida. Pra mim, amar é ter a chave disponível para abrir o cadeado a qualquer
momento e não fazê-lo, pois os laços são mais fortes. Amor não é nó cego. Amor
é feito laço de seda, lindo, mas fácil de ser desfeito, se não prestarmos
atenção o tempo todo, se não vigiarmos para que ele não fique frouxo e se
desfaça. É essencial reforçar os laços sempre. Amor é aliança que cada um
carrega consigo, elos que se unem não por correntes, feito algemas, mas por uma
ligação que não se vê, apenas se sente.</span><o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;">Ainda com relação aos
cadeados, eu acharia mais interessante uma tradição em que os apaixonados em vez de
jogar a chave fora, guardassem-na e se comprometessem em voltar à ponte quando
não pretendessem mais manter a relação a dois ou assim que percebessem que a
paixão se transformou em amor de fato. Desta forma, a simbologia do abrir o
cadeado e jogar a chave fora faria muito mais sentido, pois teria muito mais a
ver com a liberdade que só um amor verdadeiro pode nos trazer. Ainda que seja o
amor-próprio. E, do ponto de vista prático, de uma forma ou de outra,
dificilmente a ponte cederia.</span><b><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></b><br />
<span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 150%;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2014%2F06%2Fsobre-pontes-cadeados-e-namorados_13.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
</div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-44516808321129640912014-06-06T16:18:00.002-03:002014-06-07T10:58:42.496-03:00Malévola, só que não!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPXjpVSIG2jV4g-COlR8LHg6ZGTTKp-WOCZUl357PFG4pUJNBAfS51m5gdvGgRjFwZqbGUz6I3RLlElzaP_cZs89zYMwB-vMYY5WJUZ7gzGxlbZlNlF9pBShzJVpczkYnyHUvVCBSaDvel/s1600/21057123_20131112192017072.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPXjpVSIG2jV4g-COlR8LHg6ZGTTKp-WOCZUl357PFG4pUJNBAfS51m5gdvGgRjFwZqbGUz6I3RLlElzaP_cZs89zYMwB-vMYY5WJUZ7gzGxlbZlNlF9pBShzJVpczkYnyHUvVCBSaDvel/s1600/21057123_20131112192017072.jpg" height="320" width="224" /></a></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 200%; text-align: justify;">Fui assistir ao filme Malévola, com Angelina Jolie, sem ler absolutamente nada a respeito. É o tipo de filme que eu geralmente
não me interesso. Fui mais para fazer companhia do que outra coisa. Não sou
cinéfilo,</span></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="font-size: 14pt; line-height: 200%; text-align: justify;"> por mais que isso pareça um pecado, uma mancha no currículo. Além disso,
sou daqueles que dorme fácil numa sala de cinema, se o filme não me interessar.
Mas esse filme acabou prendendo minha atenção desde o início. Não pelos efeitos
visuais, maquiagem, etc. Muito mais pela mensagem subliminar que acabei captando.
Uma visão pessoal, que me deu vontade de elaborar melhor. Aos que não viram o
filme, devo avisar que vou contar o final. Decidam, então, nesse momento:
preferem o fim do filme ou fim deste texto. Como já suponho a escolha, espero
que voltem depois.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="line-height: 200%;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">Geralmente, nos contos de fada, os
papeis são bem estabelecidos. A princesa impecável, puríssima, já a vilã sempre
muito cruel, sem coração, implacável. E a gente sempre espera um príncipe, que
chega do nada, geralmente no final, beija a princesa e são felizes para sempre.
Sim, um sempre que mal dura alguns poucos segundos em que a palavra “fim” se
demora na tela. Viver feliz pra sempre, quando o sempre não existe é mole.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">A primeira coisa que me causou
estranhamento foi logo no início do filme quando a pequena fada voava alegre,
descontraída, brincando com todos aqueles outros seres tão diversos. “Eu me
chamo Malévola”. Como assim? Uma fada tão bonita, saltitante e bem relacionada.
Como uma fada boa pode se chamar “Malévola”? Rótulos. Como eles podem ser cruéis
e estagnantes. E como devemos estar atentos a eles. Quantos de nós não tem que
passar boa parte da vida tentando se livrar de um nome, de uma marca, de um
rótulo. Pode até parecer inofensivo quando ficamos no patamar dos estereótipos,
como, por exemplo, costumo ouvir toda vez que digo que sou brasileiro em
viagens pelo mundo a fora: “Brasil, futebol, samba, mulheres...”. No entanto, o
estereótipo é primo-irmão do preconceito, e aí está o perigo. Cor da pele, gênero,
orientação sexual, um cromossomo a mais nas células etc., não definem caráter
nem são garantias de qualidades ou defeitos.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">Malévola era uma criança boa, pura,
que cresceu e se transformou numa jovem com suas questões, seus momentos
difíceis, assumiu responsabilidades, pois demonstrou ser confiável. Malévola
antes de qualquer coisa acreditou no amor. Mas como tantos, confiou e se
envolveu com alguém que lhe tirou a liberdade, cortou suas asas. Sim, quantos
não são os exemplos de pessoas que se entregam de corpo e alma a
relacionamentos que aprisionam, castram, cortam asas. Pessoas que vivem presas por
anos a fio a outras que lhes roubam a dignidade, a liberdade, os sonhos de uma
vida inteira. Por outro lado, quanto mal a si próprio pode gerar uma vida dedicada a
cultivar mágoas, vinganças, rancores. Como tudo isso pode nos privar de voar
novamente, de pensar alternativas, mesmo quando nos faltam asas. De que vale
nos cercamos de muros, a quem queremos atingir? Das poucas vezes que perdi meu
tempo com mágoas e rancores, invariavelmente me arrependi. É pura falta de
inteligência querer atingir alguém, cultivando um mal dentro nós mesmos. Geralmente,
quando agimos tomados por estes sentimentos ruins, acabamos metendo os pés
pelas mãos e cometemos erros difíceis de serem consertados, ainda que venhamos
a nos arrepender. Não deixar ser atingido pelo outro é uma arte difícil de
colocar em prática. Mas não há outro remédio, se o nosso desejo é paz de espírito
e tranquilidade na vida.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">Fato é que ninguém é totalmente mau nem totalmente bom. A diferença está em como conseguimos lidar com nossos
monstros e sombras. O jovem Stefan se deixou tomar por uma ambição doentia, que
o cegou a ponto de cortar as asas de alguém por quem ele nutria algo de bom –
sim, pois ele não foi capaz de matá-la. Qualquer um de nós pode agir cegamente
em certos momentos da vida. Nossos deslizes não podem nos congelar. No entanto,
as escolhas vão construindo o caminho. O ponto de chegada é apenas
consequência daquelas escolhas. O Rei Stefan poderia ter devolvido as asas de Malévola. Por que não as devolveu? O Rei
Stefan diante da maldição, em vez de tentar buscar soluções realmente eficazes,
escondeu sua filha e privou-se do convívio da mesma por dezesseis longos anos. Quando
a reencontrou eram como dois estranhos. Não havia amor. Nem podia. Enquanto
isso a pequena Aurora, livre de rótulos, de preconceitos, soube encarar sua
sombra, conviver com ela, nunca ignorou a presença da mesma. Reconhecer nossa
sombra é a forma mais eficaz de torna-la menos destrutiva, danosa. Todos nós
temos um lado sombrio, que precisa ser identificado, conhecido, para que possa
ser contido em muitos momentos. O conhecimento desse lado sombrio nos torna
capazes de surpreendê-lo e, principalmente, ajuda-nos a buscar a melhor forma
de lidar com ele, para que sejamos atingidos o menos possível. Se conseguimos
alcançar esse equilíbrio, até mesmo a nossa sombra pode nos fazer melhores, mais
firmes diante da vida.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">Malévola me pareceu muito mais real.
Alguém capaz de ser boa e má. De se deixar levar por momentos de raiva, de
ódio. De querer vingar-se. De falar mais do que devia. Entretanto, alguém que
se mostra arrependida, cai em si, e não paralisa diante das dificuldades. Que toma
as rédeas e tenta solucionar mesmo o que parece impossível. Mesmo quando tudo
parecia perdido, quando parecia não ter saída, ela conseguiu ser racional e
tirar proveito do dragão furioso que levava consigo. Enquanto isso, como era de se esperar, seu
lado bom, sua essência, sua capacidade de amar verdadeiramente, acabariam
trazendo sua liberdade de volta, fazendo-a voar novamente. Mas é claro, foi preciso lutar e muito.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">De fato, somos esse misto de bem e
mal. É sábio reconhecer isso. Somos trevas e somos luz. E o bom da vida é
construirmos a harmonia entre esses dois lados, para tirar proveito de cada um
deles, sem nos deixar ferir ou paralisar diante das dificuldades e entraves da vida. Além disso, é
saudável sabermos que a perfeição de nossas relações de amor – quaisquer que
sejam – está no fato de nos reconhecermos imperfeitos, vítimas de
circunstâncias, e que é possível aos que nos amam verdadeiramente cometer
desacertos, coisas impensadas, que podem sim nos causar mal. Nós também fazemos isso. Porém, essas
mesmas pessoas imperfeitas podem nos fazer despertar pra uma vida bem mais
real. Pois são elas que estão sempre ao nosso lado. Muitas vezes, nos é que esperamos mais do que as pessoas realmente podem
nos dar. Não por serem boas ou ruins, benévolas ou malévolas, mas por serem
tudo isso junto e misturado.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="line-height: 200%;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">É claro que, ao fim do filme,
prevaleceu a máxima do “e viveram felizes para sempre”. O que pra mim não tem
problema. Sou do tipo que vai pro cinema para ver final feliz, sempre. Porém, é
muito mais crível uma felicidade que se constrói ao longo dos anos, com alguns momentos
de alegria e outros de dor, de tristeza, de decepção, de luta. Essa historinha
de príncipe que vem do nada, dá um beijo na bela princesa e tudo se resolve é
pros fracos. Ser feliz pra sempre dá muito mais trabalho. Mas vale a pena.
Afinal é pra isso que a gente vive, não é mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 37.33333206176758px;"><b>Gostou do texto? Obrigado. Que tal compartilhar?</b></span><br />
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2014%2F06%2Fmalevola-so-que-nao.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=false&share=true&height=35" style="border-style: none; height: 35px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-91291736375487825832014-06-03T23:16:00.000-03:002014-06-03T23:22:42.033-03:00Festa<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;">Em tempo de festas juninas... </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<b style="line-height: 200%;"><span style="font-size: x-large;">A dor e o dom de amar</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">Sentada
sob as folhas da mangueira frondosa, com o corpo curvado, cabeça baixa, tinha
as mãos presas por entre o vestido de chita rota. Suas pernas tremulavam naquela
cadência angustiante, que denunciava seu estado de completa desesperança. Com
semblante perdido e frio, ela ouvia o cantar melancólico das cigarras que anunciavam
o fim do dia. Nunca apreciou o entardecer. Temia a chegada da noite. O rosto cansado
trazia os olhos baços, pálpebras inchadas e cílios agrupados por lágrimas
ressecadas. Deixou-se quase que ser arrastada para dentro de casa por Iracema
Morena. Tomou um banho de água fria, querendo aliviar a dor de cabeça
latejante. Passou o pente nos cabelos e com as mãos separou-os no meio,
ajeitando por detrás das orelhas e prendendo num coque sem vaidade alguma.
Sentou-se junto à mesa comprida de madeira envelhecida. Pediu que fechassem as
janelas. Sentia frio. A escuridão da casa era interrompida apenas pelo brilho rubro
da chama que ardia no fogão de lenha. O crepitar da madeira verde que ali
queimava era também o único som que se ouvia naquela noite triste. Das Dores pôs
a água pra ferver e jogou sobre a erva-cidreira. Coou num coador de pano e
serviu-lhe o chá ainda quente. Ela tomou apenas um gole. Tinha um nó cego na
garganta. Levantou-se e seguiu em direção ao oratório. Ouvia-se apenas o ranger
da madeira por debaixo de seus pés. O vira-lata despertou, abriu os olhos e a
seguiu resignado e em silêncio. Diante da imagem barroca da Senhora das Dores,
ela prostrou-se de joelhos e não teve força pra dizer palavra. Chorou.
Sentia uma dor forte, como se também ela tivesse uma espada transpassada no
peito. Deitou-se na cama e cobriu-se com a colcha de retalhos meio esfarrapada.
Apagou o candeeiro e de tão exausta adormeceu. Acordou no meio da madrugada e,
com o coração descompassado, se deu conta que não se tratava de um pesadelo.
Sua dor era real. Com o olhar vidrado, sozinha naquela noite infinda, seguia
sem esperança. Seu amor foi-se embora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; line-height: 200%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-symbol-font-family: Symbol;">·</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"> </span><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; line-height: 200%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-symbol-font-family: Symbol;">·</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"> </span><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; line-height: 200%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-symbol-font-family: Symbol;">·</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-symbol-font-family: Symbol;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=OqBwXni6bjk" target="_blank"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">clique e ouça enquanto lê</span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;">Esta
manhã, ela acordou bem cedo. Abriu as janelas e a brisa leve que adentrou a
casa fez tremular as cortinas de voal. Respirou o frescor da manhã e
sentiu na pele o calor suave dos primeiros raios de sol. Hoje ela acordou bem
cedo. Hoje ela voltou a sorrir. Abriu todas as janelas. Pôs os bordados na goma
e a toalha pra quarar. Varreu casa e espanou poeira. Mandou que regassem as
plantas e banhassem o vira-lata. Pediu à Das Dores que colhesse verduras e
descascasse as batatas. Temperou a galinha caipira e pôs o fubá pra cozinhar.
Fez doce de mamão verde e bom-bocado. Separou o licor de jenipapo. Colheu
flores. Enfeitou a capela e acendeu vela. À Imaculada Conceição, fez uma
singela oração. Ordenou à Rita de Tião que convidasse a vizinhança e a Joãozinho
Ligeiro que contratasse o tal Chico Violeiro. Ferveu água na chaleira e amornou
na bacia de ágata. Banhou-se com rosas brancas. Vestiu-se de renda fina e
sandálias de couro cru. Penteou os cabelos e enfeitou-os com sempre-viva.
Prendeu os brincos de pedrinha e colocou a pulseirinha dourada. Perfumou-se com
um sândalo suave. Acendeu o candeeiro e pôs-se a esperar. Sentia uma felicidade
imensa. Uma alegria infinda. A lua iluminava o quintal e as estrelas pareciam
bordar o céu naquela noite. Pois que comecem a música e estourem os rojões.
Acendam fogueira e dancem até o dia raiar. Hoje é dia de festa. Seu amor acabou
de voltar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-27277254606373590562014-03-22T00:20:00.002-03:002014-06-07T09:08:24.919-03:00Cauã é "Up"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaffa2xqXcuW-IqiivmucOWedmZFesDhrv7wx1fI7qXvEpJHUQS9Sldo6CXtBVzvSrvC9oS7KBV_2bCui1Qz9KvJeNRQfD5X5vKdlAkEKtbt5FUVAUq-b3b2Y-nJvmr8v5y_DZJcphenJt/s1600/cau%C3%A3+-+gavi%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaffa2xqXcuW-IqiivmucOWedmZFesDhrv7wx1fI7qXvEpJHUQS9Sldo6CXtBVzvSrvC9oS7KBV_2bCui1Qz9KvJeNRQfD5X5vKdlAkEKtbt5FUVAUq-b3b2Y-nJvmr8v5y_DZJcphenJt/s1600/cau%C3%A3+-+gavi%C3%A3o.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Cauã é um nome tupi que significa “gavião”. Era o nome que o índios brasileiros usavam para designar as aves de rapina da
família do falcão.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Na antiguidade, ao escolher o nome de
um filho, seus pais pensavam muito no significado, pois acreditava-se que esse nome imprimiria
na criança um destino, uma personalidade. O nome era quase uma profecia. Inúmeras
vezes ouvi uma certa história a respeito de Alexandre da Macedônia. O guerreiro ouvira
dizer que um de seus soldados vinha tendo atitudes inadequadas e trazendo
problemas para seu exército. Alexandre, o Grande, dirigiu-se ao
soldado, que – por coincidência – também chamava-se Alexandre, e disse-lhe: “Ou
muda de nome, ou muda de atitude!”. Ainda hoje nas tribos indígenas
brasileiras, os nomes marcam posições sociais e papéis cerimoniais, chegando
quase a ter a função de títulos. Se um nome imprime personalidade, se o nome
determina atitude, Cauã é aquele que abre asas e voa alto, que busca o céu, que
atinge as alturas. <o:p></o:p></span><span style="font-size: 19px; line-height: 28px;">Pois assim tem sido desde o dia em que ele nasceu.</span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Esse nosso Cauã tem
honrado o seu nome. Nosso
pequeno "gavião" nasceu com essa sina de nos guiar para o alto. Nos elevar à condição de
novas criaturas. Nos fazer alçar voos nunca antes imaginados. Com ele, temos
voado em direção ao céu, ele tem nos enlevado, tem nos aproximado de Deus.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Cauã nasceu para nos fazer melhores,
para nos fazer olhar o mundo com olhos mais humanos, pra nos lapidar, nos
tornar especiais, privilegiados por tê-lo em nossas vidas. Assim temos nos
sentido desde o dia em que ele nasceu. Cauã trouxe-nos o amor mais puro, o amor
mais à flor da pele. Cauã é pra nós a oportunidade de crescermos como pessoas, é a águia que abrirá asas e nos guiará para o Alto. Cauã nos deu a precisa visão de um falcão,
abriu-nos os olhos e fez-nos capazes de enxergar muito além do óbvio, do fácil.
Cauã nos faz flutuar além das nuvens, nos permite plainar ao sabor do vento, em busca do desconhecido, mas na certeza de que podemos confiar em sua força, em
sua garra de ave forte, que voa firme e decidida.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Cauã é a coroação de um amor que
venceu barreiras, que se preservou no tempo. Cauã nasceu na família certa. A
família que respeita as diferenças, que prova o amor na prática, na dor, na
dificuldade. Cauã nasceu na família que acolhe os diferentes, pois aprendeu
desde sempre que ser diferente é normal. Ser diferente é enriquecedor. Uma
família em que o amor ao seus é o que está acima de qualquer convenção, de qualquer preconceito. Cauã é a certeza de que Deus olhou por nós,
pois sua presença tem nos unido ainda mais. Cauã é Deus no controle.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Nosso Cauã nos coloca pra cima. Talvez,
as almas mais sensíveis, os olhares mais atentos, já tenham percebido isso.
Nosso “menino-gavião” tem esse dom de nos enlevar. Cauã nasceu com esse algo a
mais. Algo cujo codinome mais importante é “oportunidade”. Oportunidade de mudar
nossa história famíliar, como pais, avós, irmãos, primos, tios. Enfim, algo
que fez despertar em nós uma certeza de que juntos somos mais fortes, e com ele
seremos ainda melhores. Pois, também para nós, com o nosso menino, o céu será o
limite. Afinal, nosso Cauã é “Up”.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 150%;"><b>Gostou do texto? Obrigado. Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
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<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
</div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-87208284554970911342013-06-12T12:47:00.000-03:002013-06-12T12:49:30.638-03:00Entrega<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: x-large;">Seu coração sempre fora terra
inabitada. Muitos viajantes ousaram fazer morada, tentaram se instalar. No
entanto, suas terras nunca se mostravam hospitaleiras, não faziam sequer
questão de acolher quem por elas passava. Ela própria era a grande senhora
daqueles campos, aquela que sempre dava as ordens e decidia quem deveria ou não
permanecer. Certo dia, viu adentrar meio sorrateiro um alguém que desde então
lhe pareceu muito especial. Foi chegando de mansinho, conquistando espaço,
voluntariamente atraente, sedutor. Já em sua primeira visita, ela tentou – meio
sem jeito – hesitar em abrir as porteiras de sua propriedade. Porém, o alguém
levou-a a fazê-lo sentir-se em casa e deu-lhe nuances de uma tranquilidade, de
uma alegria que ela não recordava ter experimentado. E cantaram. Isso.
Cantaram. Imagine que o forasteiro arrancou-lhe a música que ela aprisionara
até então. E naquele mesmo dia esse alguém foi embora. Mas deixou-a perceber
que voltaria. E voltou muitas vezes. E sua presença perene transformou os ares
de sua terra, que parecia não suportar de tanta primavera. E floresceu como
nunca. E exalou um perfume de essência jamais experimentada. Esse alguém se
instalou e tomou conta de suas searas. Hoje, pelo que se sabe, é ele o senhor
de suas terras. Pois, seus campos não seriam jamais os mesmos na ausência dele.
É dele que agora parece vir a segurança, a alegria, a paz que outrora existiam,
mas não na plenitude que hoje se apresentam.Vê-se em seus olhos, um temor de
que esse senhor decida um dia desbravar outras terras, e deixe para trás as
tantas flores que plantou. Por isso, seu ofício tem sido dar-lhe terra boa,
aquecê-la com o mais belo dos sóis, dar-lhe toda noite a mais brilhante das
luas e junto dela cravejar as estrelas mais fascinantes. De manhã, deixa que a
brisa toque o rosto de seu amado, que o orvalho lhe refresque o corpo. Quer
fazê-lo sentir-se prisioneiro desse paraíso, para que seja impensável sua
partida. Deseja ardentemente que crie raízes, que ame, que se apegue e respeite
cada vez mais as terras que acolheram-no. Pois sente que só será feliz enquanto
ele estiver vagando pelas brenhas do seu coração. Enquanto ela puder esperá-lo.
Para acarinhá-lo, tirar-lhe as sandálias, lavar-lhe os pés. Tocar-lhe o rosto
até que ele adormeça, descanse e fique em paz. Quer tê-lo sempre à sua espera.
Ansioso. Quer-lhe a correr ao encontro, a dar-lhe o desejado abraço, a sentir
na pele o coração pulsante de felicidade. Quer o beijo ardente a molhar-lhe os
lábios, a acolher a lágrima que lhe desce a face. Quer enfim dar-lhe a mão,
para que possam caminhar juntos. Para seguirem a estrada que se lhes agiganta
adiante. Quando estiverem cansados, quer ser-lhe e nele ter a força do
recomeço. Quer dar-lhe a mão. Amar. Pra sempre. Caminhar. Juntos. Até que sejam
como encantados. Até que não precise dizer palavras. Até que se façam
eternidade.</span></div>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Será que alguém
já pensou nos efeitos causados a uma geração de crianças e adolescentes, que
passou a vida inteira sem saber o que é um remédio que arde? Lembro-me muito
bem de que passar Merthiolate nos machucados quando éramos criança era um
evento que acabava mobilizando grande parte da família. A criança estava lá
quietinha, brincando, quando, de repente, começava a movimentação, aquela troca
de olhares entre os adultos. Geralmente a mãe segurava a criança, que quando
via aquele vidrinho âmbar, que tinha na tampa uma haste com uma redinha de
plástico no fim, já abria o maior berreiro. Havia então todo um cerimonial,
toda uma etapa de negociações e convencimentos e promessas. Então, só depois
que se jurasse que haveria sopro antes, durante e depois da aplicação do
maldito antisséptico, a criança resignada permitia que se fizesse o que não
havia remédio. Lá em casa, por exemplo, tinha que ligar até ventilador em cima.
Olha que ainda estou me referindo ao Merthiolate vermelho, aquele que deixava
as crianças todas pintadas pelo corpo inteiro. Depois que inventaram o
Merthiolate incolor, a coisa ficou ainda pior. Lá em casa, a gente cismava que
ele ardia ainda mais. “Pai, passa mercúrio, por favor!”. “Mercúrio não arde,
não presta!”. Portanto, minha memória afetiva não me permite confiar num
Merthiolate que não arde. É uma questão de princípios. </span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Sinceramente,
não sei onde querem chegar com essa história de que criança não pode sofrer.
Essa superproteção exagerada. Estamos construindo uma sociedade de gente
despreparada para a decepção, para a tristeza, para a morte. Como se estas
coisas todas não fizessem parte da vida. Hoje em dia, por exemplo, é quase
inadmissível uma reprovação na escola. Obviamente, existem os exageros de ambas
as partes. Mas a decepção faz parte da vida, o fracasso é inerente, e a gente
precisa aprender a lidar com isso de forma proveitosa. Lá em casa, desde
criança, sempre estivemos inseridos em todas as situações familiares, fossem
elas boas ou ruins. Sempre soube que era possível sofrer, se decepcionar mesmo
com aquelas pessoas mais próximas, que irmãos brigavam, mas que se perdoavam
também. A gente se alegrava coma a notícia de mais um bebê, um primo, uma irmã
que ia chegar etc. Mas também não éramos privados da dor causada pela perda de
pessoas queridas. Lembro-me da primeira vez em que me deparei com a morte. Meu
tio, um dos irmãos mais novos de minha mãe, morreu num acidente de carro aos
vinte e um anos de idade. Foi uma comoção total na família. Eu na época tinha
uns sete anos de idade, minhas irmãs ainda mais novas. Mas, lembro-me de termos
ido todos ao cemitério, de termos participado do velório. Lembro da gente
brincando entre os túmulos, rindo das fotos, dos nomes das pessoas mortas.
Depois, à medida que fui crescendo, eu gostava de ir aos enterros de parentes
com minha avó. Isso tudo pode parecer mórbido, mas estou falando do meu tempo
de criança. Do meu olhar de criança, que ainda não entendia a verdadeira
gravidade e importância daqueles momentos. Mas, de certa forma, experimentar
todas aquelas situações já ia incutindo em mim certo respeito por tudo aquilo.
De alguma maneira, eu entendia a solenidade daqueles momentos, em que a família
se solidarizava com a dor das pessoas. Aquela família que muitas vezes se
reunia para celebrar a vida, comemorar aniversários, batizados, estava ali
também no momento de dor. </span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Quando ouço, por
exemplo, essas novas versões de músicas infantis, do tipo “não atire o pau no
gato-to, porque isso-so-so não se
faz-faz-faz...”, fico pensando que passei a minha infância inteira, cantando a
versão não-politicamente correta desta mesma canção, aquela em que o gato levava
uma paulada, se ferrava todo, mas conseguia escapar e não morria. Na verdade,
não me lembro de saber exatamente o que estava cantando naquela época, até
porque coisas como “dona-chica-ca-ca-dimirou-se-se-duberrô-duberrô-que-o-gato-deu”
não faziam o mínimo sentido pra mim. Fato é que não foi porque eu cantava isso
quando criança, que eu sai dando paulada em gatos, cachorros, ou qualquer outro
animal, à torto e à direito. E, é claro que também o fato de eu ter aleijado
alguns grilos, marimbondos e formigas quando criança, não me transformou num
sujeito perverso, de má índole, nem num adulto que maltrata animais. Até
porque, pelo menos na minha época, quem ensinava que maltratar animais – dentre
tantas outras questões – não era legal, era pai e mãe, e não pura e
simplesmente uma cantiga de roda, que se cantava inocentemente. Isso sem falar
nas versões atuais das tradicionais histórias infantis, dos contos de fadas, em
que a bruxa não manda mais arrancar o coração da mocinha, ou que o lobo-mau não
engole mais a vovozinha, que a madrasta não escraviza mais a enteada, etc etc. Que
mundo é esse que esse pessoal está querendo ensinar pras crianças?</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O que temos de
aprender desde sempre é que nascemos mesmo para sermos felizes, mas que isso é uma
conquista diária, uma luta pra vida toda. A gente vai sim quebrar a cara, vai
ter decepção, vai sofrer, vai ficar triste, vai perder gente que ama, vai
sentir saudade, e nem sempre vai ter um remedinho tarja preta pra resolver. O
que temos que nos acostumar desde sempre é tudo isso faz parte da vida. E, de
fato, podemos até mesmo nos transformar em seres humanos melhores, se aprendermos
a lidar com isso desde cedo. Há dias na vida em que você acorda cedo, vai comprar
flores pra enfeitar a casa para receber amigos queridos. E, de repente, o vaso,
que era de vidro, se quebra. Você se corta todo, termina a manhã num
pronto-socorro, leva um monte de ponto nos dedos. Então, você se dá conta, que
nem tudo na vida são flores. Há vasos e vidros quebrados, há sangue, há dor.
Mas também há gente que se solidariza, que larga tudo pra te socorrer. Há gente
que te ajuda o dia inteiro pra que a festa continue. Mesmo com os dedos
cortados, mesmo sem vaso de cristal, as flores ainda enfeitam a casa, os amigos
ainda estão lá, por perto, dispostos a celebrar a vida contigo. A vida
continua. Pois, a felicidade de uma vida se constrói com alegrias e tristezas,
momentos de prazer e de dor. Isso, eu aprendi desde cedo. Porque é assim desde
que o mundo é mundo. É assim desde o tempo em que o Merthiolate ardia. E nem
por isso, mesmo depois da dor dos machucados, da ardência ou do amargor dos
remédios, a gente nunca desistia de brincar, a gente não deixava se arriscar. O
que a gente sempre quis – e continua querendo – é ser feliz, mesmo sabendo que
pra isso, às vezes, seja preciso sofrer um pouquinho.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: orange;">Gostou do texto? Obrigado. Que tal compartilhar?</span></b></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2013%2F06%2Fdo-tempo-em-que-o-merthiolate-ardia.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-82553233075447333562013-06-02T23:55:00.003-03:002014-06-07T09:58:07.743-03:00A sorte de um amor que lhe faça gargalhar<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: large;"><span style="line-height: 200%;">Ontem assistindo a um
filme na TV, num dialogo entre dois personagens, um deles pergunta: ‘você amava
a sua mãe?’, ao que o outro responde: ‘sim, eu a amava. Porém, não gostava
dela.’ No momento, achei meio estranho. Mas depois compreendi e concordei que é
mesmo possível amar alguém e ao mesmo tempo não gostar desse mesmo alguém.
Gostar inclui ter prazer. E nem sempre o amor é prazeroso. Às vezes, ele pode
ser sofrido, triste. Denso demais. No caso de uma relação entre mãe e filhos, ou entre irmãos, talvez, amar sem gostar pode até ser
possível, pois em determinado momento você acaba não tendo mais que conviver
diariamente, e o amor acaba por sobreviver, e até pode aumentar de qualidade
quando você mantém uma distância segura e necessária. No entanto, isso não
funciona quando você pensa em alguém com quem você quer construir uma história
de vida, de companheirismo, alguém com quem você deseja ter um projeto de vida
junto. Neste caso, o amor só faz sentido se vier acompanhado do gostar, do
prazer em estar perto, em conviver, em dividir. </span></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: large;"><span style="line-height: 200%;">Eu sempre pedi a Deus que
me livrasse desses amores densos, cheio de cobranças e inseguranças. De que
serve um amor que nos tira a liberdade, que nos afasta do mundo. Que serventia
tem um amor triste. Um amor que poda, que domina, que castra. Amor assim tira
as energias da gente. Vai enchendo. A gente acaba se perdendo, e jaz sufocada
entre as tantas “coisinhas miúdas” que vão se amontoando em cima de nós, feito uma
montanha de lixo, poeira que gruda, e com o tempo vai nos escondendo de nós
mesmos, tirando-nos a espontaneidade. Amor assim morre sem ar. </span></span><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 200%;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 200%;">Ter alguém que lhe faça suspirar de paixão é bom
demais, mas isso não se sustenta por muito tempo. Não aposte nisso todas as suas
fichas. Alguém que lhe deixe inebriado na hora do sexo é ótimo também, mas uma
hora isso também perderá a importância. Procure por alguém que acima de tudo
lhe dê alegria. Queira do teu lado alguém que esteja mais interessado em saber como
você está do que onde você está. Não procure alguém que não tenha defeitos, mas
alguém cujos defeitos, ainda que irritantes em certos momentos, você seja capaz
de suportar e até ria deles de vez em quando. Amor é liberdade e alegria.</span></span> </span></span><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 200%;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 200%;">Não faz sentindo algum caminhar ao lado
de alguém que lhe roube de si mesmo. </span></span>O que a gente quer da vida é se sentir
livre. Essa é a única receita para ser feliz pra sempre ao lado de alguém.
Liberdade. Faz-me lembrar de uma das cenas finais do DVD “Os mais doces
bárbaros” em que Bethânia, num momento bem descontraído, <a href="http://www.youtube.com/watch?v=ivkDnE9LdTk" target="_blank">(Clique para ver o vídeo)</a> fala que em dado instante daquele show, havia sentido que mesmo depois de tantos anos, eles – os Doces
Bárbaros – ainda tinham esse desejo de liberdade. “Aí me deu uma alegria. Pois
quando tem liberdade, eu fico feliz”. É disso que estou falando, exatamente
disso, da alegria de ser livre. </span></span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: large;"><span style="line-height: 200%;">Sabe aquela máxima que
diz que se conselho fosse bom, não se dava, vendia? Pois bem, como sou da
filosofia cantada por Caetano, “não me amarra dinheiro não, mas formosura, (...)
elegância, (...) os mistérios ...”, se eu tivesse o poder de incutir algo em
pessoas que me são queridas, se eu pudesse dar um único conselho que fosse, para
os meus sobrinhos, por exemplo, eu diria: mais do que um amor tranquilo, queira a sorte de um amor que lhes faça gargalhar. Escolha para ter para sempre ao
seu lado, alguém que lhe faça rir. Apaixone-se por alguém que lhe arranque boas
gargalhadas. Alguém que desperte em você a alegria. A santa e essencial alegria
de viver. Alguém que mais do que amar, você goste de ter por perto. Alguém que
desperte um sorriso vivo, brilhante, pelo menos uma vez no dia. Pois, nem mesmo
o maior dos amores resiste à falta de um sorriso espontâneo, de uma alegria
inesperada. Por mais que você ame muito alguém, se juntos não cultivarem a
alegria no dia a dia, o amor certamente não resistirá. Como bem diz a canção do Arnaldo
Antunes, “a tristeza é uma forma de egoísmo”. Então seja para o outro, alegria.
Queira um amor que mais do que levar-lhe à beira do abismo, queira sair de lá
junto com você. Cultive um amor que lhe queira livre. Porque se tem liberdade,
tem alegria... e só assim se pode ser feliz. </span></span><br />
<span style="font-size: large;"><span style="line-height: 200%;"><br /></span></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 200%;"><b>Gostou do texto? Obrigado. Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2013%2F06%2Fa-sorte-de-um-amor-que-lhe-faca.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-42144792142807379102013-05-24T16:05:00.003-03:002014-06-08T22:38:41.541-03:00Meu ensaio pessoal sobre a cegueira<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 18pt; line-height: 200%;">Quando assisti ao filme “Ensaio sobre a cegueira” em DVD, passei por uma
experiência bastante inusitada. E que, por isso, acabou sendo marcante. Mexendo
no controle remoto para colocar legenda em português, acabei selecionando uma
opção de áudio, em que além das falas dos atores, o narrador ia descrevendo
cada uma das cenas, ou seja, narrando tudo aquilo que não era possível perceber
apenas ouvindo as falas dos personagens. O narrador descrevia coisas como: “a
mulher do médico entra no supermercado saqueado”, “muito lixo espalhado pelas
ruas”, “fez-se um grande clarão!” etc. A princípio achei aquilo muito estranho,
mas como era um filme sobre a cegueira, pensei que fazia parte do esquema,
levar o expectador a ter essa experiência. Vi o filme todo assim. De vez em
quando eu até fechava os olhos e tentava fazer o exercício de imaginar as cenas
narradas. Mais tarde, comentando com alguns amigos, eles me disseram que não
tinham visto o filme desta forma. Foi então que me dei conta de que havia
escolhido – por engano – a opção de áudio para deficientes visuais. Por
coincidência ou não, minha experiência com o filme teve esse quê a mais.
Assistir a um filme sobre a cegueira, do ponto-de-vista de um cego, acabou
sendo uma experiência interessante. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 18pt; line-height: 200%;">O filme por si só renderia várias
histórias e reflexões. No entanto, lembrei-me dessa situação, pois no início
desta semana, vendo o Programa do Jô, depois de ter chegado de um show da Zizi
Possi, assisti a uma entrevista de um homem cego – ele mesmo preferia ser
chamado assim, em vez de ser tratado de deficiente visual. Vejam só: o tal
homem foi chamado para ser entrevistado, por ser um dos mais assíduos
frequentadores de bibliotecas públicas em São Paulo. Ele contou sua história e
as dificuldades pelas quais havia passado durante a sua infância e
adolescência, pois na época, as escolas não tinham nenhum tipo de politica de
acessibilidade. A escola para cegos mais próxima de sua casa ficava ainda muito
distante e seria impossível para seus pais levá-lo e buscá-lo na tal escola
todos os dias. Desta forma, eles o matriculavam em escolas ditas normais e, a
seu pedido, não informavam que ele era cego. É óbvio que ele passava por poucas
e boas, até que um ou outro aluno ou professor descobria, e passava então a
ajudá-lo. Mais ainda assim ele repetia muitas vezes as séries. Quando chegou ao
ginásio, veio estudar em sua turma, um menino venezuelano, que passou a
auxiliá-lo definitivamente. E, como ele mesmo falou, seus problemas acabaram,
pois o tal amigo passou a ser os olhos dele. O tal amigo venezuelano, com o
auxílio de outros colegas, ajudavam –no nas aulas, descreviam as situações,
conduziam-no, de forma que a turma não soubesse que ele era cego. Num inicio de
ano, já no ensino médio (antigo segundo grau, e na época dele, colegial), no
primeiro dia de aula, ele – o cego – pede ao amigo venezuelano que descreva os
colegas de turma. O amigo então começa a descrever detalhadamente cada um dos
alunos, até que chega a vez de uma menina que sentava na primeira fileira. O
cego então se interessa pela descrição e acaba se apaixonando pela tal menina.
Todos os dias, ao chegar à classe, ele que já havia decorado um caminho para ir
direito ao fundo da sala para sentar próximo aos amigos, passou a desviar o
caminho para se aproximar da tal menina e falar-lhe coisas do tipo: “como você
está bonita hoje”, “tem alguma coisa diferente em você.”. Fazia isso todos os
dias, mas nunca conseguiu se declarar. E a menina também nunca soube que ele
era cego.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 18pt; line-height: 200%;">Por circunstâncias da vida, acabou
perdendo contato com o tal amigo venezuelano, e também com a menina da primeira
fila. Causou-se, teve filhos. Passados mais de trinta anos, por intermédio de
redes sociais, ele voltou a ter contato com o colega de classe. E reencontrou
também a menina da primeira fila. Inicialmente, ele pensou que todo aquele
sentimento que ele tinha por ela havia passado, mas quando ouviu de novo sua
voz ao telefone, disse que todas aquelas sensações da adolescência voltaram,
como se ele nunca tivesse deixado de estar ao lado dela. Sentiu-se novamente o
mesmo menino, que passava por perto dela, toda manhã, para dizer-lhe elogios,
mesmo sem enxergá-la. Falou também da importância de reencontrar o amigo, que
havia sido seus olhos por tanto tempo, que descrevia o mundo para ele e o fazia
experimentar coisas como, por exemplo, dirigir uma Variant 76, que seria
impossível, não fosse a coragem e a dedicação daquele seu amigo de infância.
Tanto a menina da primeira fila – hoje sua namorada - como o amigo venezuelano,
estavam na plateia do Jô. Dentre as muitas coisas que ele disse, uma me chamou
mais a atenção. Pra tudo que ele deseja ter ideia de como é, ele pede a pelo
menos cinco pessoas que descreva. Por exemplo, em pé na Pedra do Arpoador,
diante do pôr-do-sol. “O que você vê?”, ele perguntaria a cinco pessoas. E cada
uma delas descreveria à sua maneira. Disse ele, que só assim ele acredita
conseguir fazer sua imaginação chegar mais perto do que de fato é o pôr-do-sol
no Arpoador, pois cada pessoa tem a sua visão própria, enfatiza um ou outro
detalhe, percebe uma ou outra nuance. Quando a gente pode ver sozinho, os
detalhes, as nuances podem passar despercebidas. E a gente cai na ilusão que o
mundo é simplesmente aquilo que nossos olhos captam.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 18pt; line-height: 200%;">No show da Zizi, acabamos ficando num
lugar não muito confortável. Um senhor bem alto sentou-se à nossa frente. A
gente tinha que ficar se esquivando dele o tempo todo para vê-la melhor. Isso
acabou nos deixando incomodados, desviando nossa atenção, enfim, tirando um
pouco da mágica do espetáculo. No entanto, em dado momento do show, eu decidi
aproveitá-lo, independente de qualquer coisa, desviando meu olhar por entre as
cabeças à minha frente, buscando uma visão melhor, e tentando sentir a música
que em verdade prescindia dos meus olhos para acessar a minha alma. Em casa,
ainda com aquelas canções e aquela voz ecoando, depois de conhecer aquele homem
cego e suas histórias de um amor que vai além do que olhos possam captar,
lembrei-me então do verso que tanto havia me emocionado durante o show. “O amor
fez parte de tudo que nos guiou. Na inocência cega. No risco das palavras. E
até nos risco da palavra: AMOR”. Fiquei pensando que nossa felicidade,
definitivamente, depende da forma como decidimos olhar a vida. Ser feliz é uma
questão pessoal, ou seja, é algo que depende acima de tudo de nossas escolhas.
No entanto, encontrar essa tal felicidade fica bem mais fácil quando temos ao
nosso lado alguém que nos ajuda a captar os detalhes, as nuances, que sozinhos
seríamos incapazes de enxergar.</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt; line-height: 200%;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 200%;"><span style="color: orange;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 200%;"><span style="color: orange;"><b> </b></span><iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2013%2F05%2Fmeu-ensaio-pessoal-sobre-cegueira.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe>
<span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-90794502126472663832013-05-19T21:06:00.002-03:002014-06-08T22:47:20.065-03:00Além do último capítulo...<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 18pt; line-height: 200%;">Nestes dias de último
capítulo, de fim de novela, cheguei à conclusão que felicidade não dá ibope. A
gente só quer ver felicidade no final. Vida feliz é chata de acompanhar, não
prende a atenção de ninguém. A gente se interessa pelo caminho, pelo esforço
pra se chegar lá. Não pela felicidade em si. Certamente não faria sucesso algum
uma novela, um filme, um livro etc que mostrasse a rotina feliz de um casal.
Imagine se o último capítulo não fosse o fim da novela. Imagine chegar em casa
toda noite, ligar a TV e, a partir de agora, ver a Morena e o Theo sendo
felizes para sempre. “Hoje eu tenho que correr pra casa, não perco a novela por
nada. É hoje que a Morena vai preparar um jantarzinho pro Theo. Depois ele vai
ajudá-la a lavar a louça, e então ela vai trazer a sobremesa preferida dele e
eles vão assistir a um filminho no DVD. Vão rir de coisas corriqueiras. Numa
determinada cena, ele vai olhar pra ela, na certeza de que ela vai estar
chorando, emocionada. Então, ela vai pegar no sono no colo dele. Quando o filme
terminar, ele vai acordá-la, os dois vão pra cama e vão começar a dormir
abraçados. Não vai ter sexo, essa noite. No meio da noite, ele vai sentir calor
e vai tirar o braço e as pernas dela de cima dele. Ele vai roncar um pouco. Ela
vai acordar e mexer nele para ele se virar e parar de roncar. De manhã, ele vai
acordar primeiro e vai começar a fazer coisas para acordá-la. Os dois vão ficar
implicando um com o outro por alguns minutos. Ele vai para o chuveiro. Ela vai
ouvir o barulho da água, ainda na cama, e vai pro chuveiro também. Eles vão
fazer sexo embaixo d’água. Depois do gozo, enquanto tomam banho, ela lembrará a
ele que é dia de pagar o condomínio. Ele vai começar a se arrumar. Ela, então,
vai preparar o café enquanto ele dá uma passada de olho no jornal. Ele faz que
vai abrir a porta pra sair, ela segura a maçaneta e pede um último beijo. Ele
sai. Ela fica olhando, escondendo parte do corpo por trás da porta, enquanto
ele espera o elevador chegar. Então, ela volta pra cozinha e se depara com um
pia cheia de louça pra lavar. Sobem os créditos”. No capítulo de amanhã, talvez
eles tenham uma discussãozinha boba qualquer, vão ficar de cara feia por um
tempo, aborrecidos, depois um ou outro vai ceder e a vida voltará ao normal.
Vida normal, rotina. Ah, pelo amor de Deus, isso não dá ibope. Por que será que
não? A verdade é que a gente passa a novela inteira torcendo pela felicidade da
protagonista, mas a felicidade só tem graça se for alcançada no último
capítulo. Só no último capítulo é que todo mundo casa, tem filho, enfim, todo
mundo é feliz para sempre. Um pra sempre que acaba ali mesmo. Porque se
continuasse, seria chato demais.</span><span style="font-size: 13.5pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 18pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 18pt; line-height: 200%;">Pois é. Mas, às vezes, é
isso que a gente faz da nossa vida também. Nem sempre o que deixa a gente feliz
é o ser feliz de fato, mas é o fato de estar tentando ser feliz a todo custo.
Na vida real, a gente torce pra ter aquela felicidade de último capítulo, mas
quando ela é alcançada, a gente não sabe o que fazer com ela. Estar feliz com a
rotina parece incomodar. A gente quer sempre mais. A gente quer mais emoção na
trama. É claro que isso pode ser estimulante, motivador. Por outro lado, por
que não querer mais do que se tem é estar acomodado? Estar satisfeito é sempre
sinal de falta de interesse, de falta de ambição, de inércia? Eu, por exemplo,
tracei objetivos na vida, desde muito cedo, e foquei meus esforços em
alcançá-los. Hoje, em muitos momentos, vivo a sensação de ter chegado
exatamente no ponto onde eu sonhei estar. Não que eu não tenha novos objetivos,
que não tenha mais sonhos. Até porque eu planejei chegar aonde cheguei,
justamente para poder sonhar mais e mais, e ter a possibilidade de ter tempo
disponível pra praticar a realização de meus novos sonhos. É óbvio que viver
acomodado, satisfeito com pouco, é ruim. Mas desacelerar depois que a fita foi
rompida no ponto de chegada e comemorar, desfrutar da vitória, por alguns
instantes, também não faz parte do processo? Estar satisfeito pode ser pura e
simplesmente sinal de que se chegou lá. E isso não é ruim. O esforço a partir de
então pode ser empregado na nobre tarefa de tentar manter a posição alcançada,
fazer a tal felicidade de último capítulo perdurar por muito tempo. E isso não
é tarefa fácil não! Pelo contrário, requer muita dedicação. Pois a nossa
felicidade é de vida real, precisa continuar além do momento em que a palavra
“fim” surge na tela. Precisa continuar na rotina, no dia-a-dia, nos momentos
que não dão ibope, nos momentos em que ninguém correria pra casa pra acompanhar
a nossa novela. Não dá pra se viver em função de ser feliz apenas no final. E,
quando muito, mais uma vez na reprise do sábado. O que a gente quer é um pra
sempre que continue na segunda-feira. Um pra sempre que suporte a rotina, que
vá além do aviso de que essa história é uma obra de ficção, e que qualquer
semelhança é mera coincidência. Porque, de fato, não é.</span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; line-height: 200%;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
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<![endif]-->Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-42826123434038668172013-02-03T20:33:00.002-02:002014-06-08T22:51:43.670-03:00Estamos fadados ao Equilibrio. Não há como fugir!<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Pode parecer tolice, coisa de louco, pensamento de<span class="apple-converted-space"> </span><i>nerd</i><span class="apple-converted-space"> </span>ou sei lá o quê, mas é muito
reconfortante perceber que existem leis que regem o universo e seus processos
físico-químicos. De fato, quando a gente se dá conta desta obviedade, a vida
parece ter algum sentido. A forma como as coisas se repetem, os ciclos vitais,
demostram que por mais complexa que seja a vida, ela não é aleatória. E isso é
bom. A vida, o universo tem suas leis, seus princípios inabaláveis. </span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Como professor de físico-química há algum tempo, quando explicando
aos meus alunos alguma lei qualquer da termodinâmica ou, por exemplo, um
processo eletroquímico qualquer, por diversas vezes, já me peguei pensando no
quanto tudo isso é fascinante, o quanto tudo isso pode nos deixar mais seguros
diante da complexidade da vida. A ciência pode nos trazer soluções, pode nos
ensinar a viver, a encarar os problemas, a crer na solução deles. Existe um
caminho natural, espontâneo, para tudo, podemos de fato confiar. Podemos
confiar sempre nas leis da físico-química. Pelo menos dentro das condições a
que estamos submetidos naturalmente. Não precisamos nos preocupar, por exemplo,
que em algum momento, ao respirarmos ar, não haverá transformação química que
nos forneça energia, pois sempre que o oxigênio reagir com a glicose nas
condições de nosso organismo, haverá formação de gás carbônico e água, através
de uma reação espontânea e, portanto, geradora de energia. Pode parecer
idiotice, mas imaginem se isso não fosse verdade. Se houvesse a possiblidade da
aleatoriedade, a possibilidade da reação ocorrer ou não. Podemos confiar que
toda vez que uma placa quente tocar uma placa fria, o calor se transferirá da
placa quente para a fria até que uma temperatura intermediária e de equilíbrio
seja atingida. A água de uma cachoeira sempre vai de cima pra baixo, um pneu
furado sempre esvaziará, nunca encherá a ponto de explodir, apesar de tanto ar
do lado de fora. Mas que conclusão óbvia? Sim, óbvia porque há leis que regem
este nosso universo. Leis que se repetem e nas quais podemos confiar. </span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Apesar de buscar sempre a condição mais desordenada, os sistemas
desejam o equilíbrio. O equilíbrio é inexorável. A condição mais estável é
aquela a que somos levados a atingir naturalmente. E isso é ensinamento
valioso, quando concluímos que o que se estabelece em processos micro ou
macroscópicos, certamente, se repete também em nossas vidas. Não há como fugir
disso. É interessantíssimo quando nos damos conta deste fato. Pois, a forma
como estamos inseridos nesse contexto, o cotidiano, acabam por banalizar essa
capacidade que o universo tem de se repetir, de manter princípios sólidos que
regem suas transformações, das mais simples às mais complexas. Tudo nos parece normal
demais, pois não nos surpreendemos mais com nada. Acostumamo-nos com o milagre
da vida. Às vezes, me pergunto, por exemplo, como podemos não nos surpreender
diante de um filete de água ao abrimos a torneira? Como não nos espantamos mais
com esse líquido que não tem cor, não tem cheiro, não tem sabor, mas que
existe, que é palpável, que escorre pela nossa garganta e alivia-nos a sede,
refresca a pele, revigora. Como não nos surpreende mais o fato dessa mesma água
congelar sempre à mesma temperatura, na pressão atmosférica, e que essa
transformação se dê sempre da mesma forma, da superfície para o fundo,
diferentemente de todos os outros líquidos, ou que seja necessária sempre a
mesma quantidade de calor para fazê-la atingir sua temperatura de ebulição e se
tornar vapor. Como não nos surpreendemos mais com o ar, invisível aos olhos,
que penetra nossas narinas a cada segundo, atingindo nosso interior e
provocando as mais diversas reações químicas essenciais à vida. Como nos
acostumamos a ver o fogo com sua chama multicolorida, aquela energia toda
gerada numa simples transformação química. Não seria isso um milagre? Como não
fazemos mais a mesma festa, como não temos mais a mesma reação que tiveram
nossos antepassados quando o viram pela primeira vez? Como podemos conviver com
a ideia da terra a nutrir a semente, e permitir que aquela informação genética
milagrosamente armazenada seja transmitida e as transformações se realizem a
ponto de gerar a vida, criar raízes, fazer crescer a planta, que dará frutos e fornecerá
as mesmas sementes novamente? Uma semente de mamão sempre dará origem a um
mamoeiro, nunca a um pé de laranja ou de manga. Mas que ridícula essa
conclusão, não é mesmo? Como podemos aceitar isso, sem achar tudo isso
incrível, espetacular? Em algum momento, ficávamos muito curiosos com o fato de
uma semente de feijão, colocada num pedaço de algodão umedecido, se rompesse e
dali surgisse um caule, que crescia, gerando folhas, e quem sabe novas
sementes, que ao caírem na terra, repetiriam o mesmo e exclusivo ciclo. Sim,
quando éramos crianças, ainda achávamos isso fascinante, ficávamos horas a fio
observando a vida a se transformar. As leis da natureza seguindo seu curso
espontâneo. A água, o gás carbônico, as enzimas, os cloroplastos a absorverem a
luz do Sol, a fotossíntese a construir moléculas e mais moléculas,
silenciosamente, enquanto a criança dormia ao seu lado sem se dar conta do
milagre do grão que germinava sem saber de ciência alguma. </span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Concluí que não podemos perder esse olhar a respeito das coisas,
não podemos deixar de nos surpreender, de aplaudir o milagre da vida. E mais do
que isso, devemos de fato confiar nas tais leis da termodinâmica, nas leis que
regem o universo, que estão nas transformações mais óbvias, que em algum
momento se tornaram banais no nosso dia-a-dia, mas que vivem a nos gritar que
tudo se resolverá, que tudo há de encontrar o EQUILÍBRIO, tudo se tornará mais
estável. Não há como fugir, disto! Portanto, tenhamos fé no Princípio de Le
Chatelier, porque desde que o mundo é mundo, o equilíbrio pode ser perturbado,
mas não há nada que possa impedir que ele se reestabeleça. Mais cedo ou mais
tarde. É só ter calma, é só esperar.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; font-family: "Cambria","serif"; line-height: 150%;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2013%2F02%2Festamos-fadados-ao-equilibrio-nao-ha.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-79945249137383020682012-08-15T15:35:00.001-03:002014-06-08T22:56:17.421-03:00Silêncio confortável<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Por
todo o período em que minha avó esteve internada, nós nos revezamos para
acompanhá-la no hospital. Aquela noite seria a minha vez de servir-lhe de
acompanhante. Durante a visita, a fisioterapeuta veio fazer sua avaliação e nos
disse que era preciso que o acompanhante conversasse bastante com ela, pois
assim a vovó exercitaria a fala. No instante em que a doutora falou isso, eu
olhei pra minha avó e disse: “ihh vó, logo hoje que é a minha vez. Não foi uma
boa escolha. A senhora sabe que eu quase não falo nada”. Vovó esboçou um
sorriso e com imensa dificuldade balbuciou: “você sempre falou o suficiente,
meu neto”. Aquelas palavras me confortaram imensamente. Minha avó me conhecia
como poucos. Nunca fui o tipo de pessoa efusiva, que demonstra sentimentos com
facilidade. Sempre fui, em verdade, muito ensimesmado, cerimonioso. Causam-me
desconforto e estranhamento até hoje pessoas muito expansivas, exageradamente
íntimas, que necessitam a todo tempo de demonstrações de afeto, de declarações,
de palavras. Sempre achei isso muito cansativo. Diante de minha avó, no
entanto, eu sempre pude ser o mesmo menino calado, taciturno, curto de
palavras, que gostava de subir à sua casa para ficar ao seu lado, em silêncio.
Às vezes à beira da cama, vendo-a dobrar roupas recém-recolhidas do varal,
outras vezes, encostado na maquina de costura, brincando com botões, carretilhas
e retalhos, ou ainda, sentado à mesa, enquanto ela catava o feijão ou
descascava legumes. Vovó não insistia em arrancar palavras de minha boca, não
me enchia de perguntas o tempo todo. O silêncio entre nós era confortável. Ela
compreendia que eu gostava muito mais de ouvir do que falar. “Meu filho, você
não é de falar muito. Só observa.” Eu arqueava as sobrancelhas e sorria. Em
silêncio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Essa
possibilidade de estar ao lado de alguém, podendo guardar meu silêncio, sempre
me agradou. Desde menino, sempre pensei demais. A mente fervilhava, elaborava,
analisava tudo, o tempo todo. Falar, para mim, sempre foi custoso demais. Até
hoje. Trago em mim desde sempre esse desejo de silêncio, essa necessidade de
aquietar-me. Pois somente quando me calo é que ouço a voz que fala dentro de
mim. A voz daquele que, mesmo sendo eu, é um outro que mora em mim, que me
conhece de fato, que me compreende e me aconselha. Aquele que se alimenta do
meu silêncio, da minha mudez, que toma forma e habita meus pensamentos. Esse outro
que surge no exato instante em que silencio. Preciso ouvi-lo. Sinto sua falta.
Conto com ele. É ele quem me dá o equilíbrio, que me ensina a calar. Esse outro
eu é quem segura firme as palavras que desejam sair de minha boca, e realimenta
meus pensamentos, fazendo-os girar dentro de mim, transformando-os, aparando
arestas, lapidando. É ele quem grita dentro de mim, tentando me proteger dos
meus rompantes. É o tal que me faz respirar fundo, engolir a seco, e começa a
contar comigo: “um, dois, três...”, sempre que pressente que hei de ganhar mais
permanecendo calado. É obvio que nem sempre estou plácido, sereno, o suficiente
para ouvi-lo. Mas é justamente nestes momentos em que não o deixo agir é que
mais me arrependo. Falar demais sempre me faz muito mal. Assim como me
incomodam profundamente pessoas muito prolixas e verborrágicas. Gente
redundante, palavrosa, me irrita imensamente. Gosto muito de ouvir os que
respeitam as pausas, que pensam antes de falar, os que permitem intervalos.
Para mim, uma relação entre duas pessoas – seja ela qual for – atinge a
perfeição quando o silêncio não causa desconforto ou constrangimento. Ter com
quem falar é, às vezes, imprescindível, no entanto, ter alguém que consegue se
calar ao teu lado é vital. Pois é na escassez da palavra falada que os
pensamentos dialogam, as almas conversam. Meus amigos mais caros são esses que
compreendem o meu silêncio, que respeitam a minha mudez intermitente, o meu
exílio voluntário. São os que têm permissão para entrar na minha clausura, pois
são capazes de caminhar ao meu lado sem fazer barulho. São aqueles que sabem
ler os silêncios da minha cadência e não atravessam o meu ritmo. Sabem fazer
soar com exatidão tanto as notas como as pausas dos meus compassos. Entendem a
minha música.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span></div>
<br />
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Vovó
e eu tínhamos esse refinamento. Ela conhecia o meu silêncio. Não precisava das
minhas palavras para saber o que eu estava sentindo. Eram os nossos olhos que
proseavam, trocavam confidências. O silêncio não incomodava. Naquela última
noite em que estivemos a sós, quando lhe faltavam forças para dizer palavras,
foi com o silêncio que nos despedimos. Foi porque aprendemos a silenciar que
conseguimos trocar aquelas últimas palavras, sem dizê-las. Em pé ao lado da
cama, enquanto eu olhava seu rosto, eu pensava no quanto eu amava aquela
senhora, no quanto sua vida, suas estórias, seus ensinamentos tinham sido
determinantes na construção da pessoa que eu havia me tornado. Ela me olhava
nos olhos, como se ouvisse meus pensamentos. De novo, o silêncio. De minha
parte, o silêncio habitual, das horas em que meus lábios cerram de tal maneira,
que as palavras parecem não encontrar meios de escapar. O silêncio que minha
alma necessita pra falar dentro de mim. Dela, o silêncio resignado, da
impossibilidade física de falar. Nós ficamos um bom tempo, ali, de mãos dadas,
olhando nos olhos um do outro. Trocando nossas últimas confidências
silenciosas. Ela, então, num esforço tamanho, levou minha mão até o seu rosto e
a beijou, com carinho. Suspirou profundamente. E, então, esboçou um leve
sorriso. Apesar da tristeza que insistia em meu coração, eu intuí que se
tratava de um momento muito especial. Com aquele beijo, com aquele leve
sorriso, minha avó me dizia pela última vez o que nunca foi preciso de palavras
para dizer. Naquele instante, eu me transportei no tempo, e vi novamente o
menino que corria ao terreno baldio, catava três florezinhas no mato, corria
pra entrega-las, e saía às carreiras, envergonhado, tímido. Naquele tempo, ela
já me sorria e consentia com os olhos. O silêncio desde então prescindia das
três palavras, as mesmas que meu coração ouviu naquela noite em que nos olhamos
pela última vez. Ainda hoje, é esse silêncio confortável que ameniza a minha
saudade, pois quando silencio é que ainda sou capaz ouvir a sua voz doce a
trazer paz e conforto ao meu coração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Body1" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: large; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2012%2F08%2Fsilencio-confortavel.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; line-height: 150%; overflow: hidden; text-align: justify;"></iframe><span style="line-height: 150%; text-align: justify;"></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="Body1" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-31156480390686787072012-08-10T11:53:00.000-03:002014-06-08T23:01:31.732-03:00Aplausos ao tempo!<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;">Apesar de termos desde
sempre a plena consciência de que o tempo não para, vivemos praticamente
alheios a este detalhe. Ainda bem que temos esta capacidade de abstrair o
tempo, pois ela é sem dúvida a forma mais inteligente de se lidar com esta
verdade inexorável que é a passagem do tempo. No entanto, o tempo parece querer
nos fazer percebê-lo a todo instante. Para isso, ele se utiliza de suas
artimanhas e mistérios sutis. E assim a vida vai apresentando-nos provas de que
não há como fugir deste senhor que, sem a menor cerimônia, fazemos questão de
evitar. Naquela noite, estávamos esperando o início do novo show que a cantora
faria em homenagem à sua mãe. À mesma mesa, além de um companheiro de há
tempos, estavam as duas senhoras que me falavam de sua amizade de mais de
cinquenta anos. Amizade que nasceu em um tempo anterior ao sucesso de cada uma
daquelas canções, imortalizadas na voz da mãe, que seriam interpretadas naquela
noite pela filha, também cantora. De vez em quando, eu olhava o relógio para me
certificar da hora. Estávamos ansiosos e, portanto, incomodados com o atraso no
começo do espetáculo. Como sempre, preocupados com o tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span>
<span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;">De repente, as luzes se
apagaram. Soaram os primeiros acordes. Ouviu-se, então, depois de tanto tempo,
a mesma ordem para que as redes fossem jogadas ao mar. Viram-se os mesmos
gestos largos e circulares anunciando uma nova pesca milagrosa. “Valha-me Deus,
Nosso Senhor do Bonfim. Nunca, jamais, se viu tanto peixe assim.” Por um
instante, eu tive a impressão de ter ludibriado o tempo. De repente, fui tomado
por uma sensação inexplicável, como seu eu tivesse tomado posse de uma
lembrança que nunca foi minha. A emoção de reviver um momento que não vivi. Um<span class="apple-converted-space"> </span><i>déjà vu</i><span class="apple-converted-space"> </span>de algo nunca visto. Era como se o
tempo estivesse me dando uma segunda chance, ainda que em verdade não tenha
havido a primeira. De imediato, eu enxerguei o tempo a se mostrar naquele
palco. Canções que ouvia desde menino, desde o tempo em que elas me encantavam
apenas pela sonoridade, pois ainda não diziam nada sobre minhas histórias,
sobre minhas lembranças. Durante todo o espetáculo, eu fiquei mergulhado nesse
mistério. O tempo me levando a brincar em sua ciranda, convidando-me a girar em
sua brincadeira de roda. Eu não tive escolha. “Vai como a criança que não teme
o tempo”, a cantora grávida nos dizia. Sim, a cantora estava grávida. O tempo
mais uma vez fazendo das suas. “Eu vi a mulher preparando outra pessoa. O tempo
parou pra eu olhar para aquela barriga”. Chamou-me atenção o ciclo. Fez-me
lembrar da história do deus grego – Cronos – que engolia os próprios filhos com
medo de que estes viessem a lhe tirar o trono e o poder. O implacável tempo a devorar
tudo que ele mesmo produz. Mas a grande mãe – Reia –engana até mesmo o Tempo,
afim de proteger seu filho Zeus. A luta de Cronos e Zeus, que faz o pai vomitar
todos os filhos devorados, devolvendo à vida o que é imortal. “A vida é amiga
da arte. É a parte que o sol me ensinou. O sol que atravessa essa estrada, que
nunca passou.” A música, a arte, trazidas de volta pelo tempo a todos nós,
pobres mortais daquela noite. “Nossos ídolos ainda são os mesmos. E as
aparências não enganam não.” O paradoxo do tempo que não para, mas que, no
entanto, parece gostar de se repetir. “Vamos dar a meia volta, volta e meia
vamos dar”. Ciclo. Ciranda. E a cantora seguia a nos dizer: “É você que ama o
passado e que não vê, que o novo sempre vem!”. Confundindo-nos a mente. E assim
seguimos a noite,<span class="apple-converted-space"> </span><i>inebriados,
fascinados, tontos de emoção</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span>
<span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;">Ao fim do espetáculo
estávamos todos maravilhados com a beleza das canções, com a pureza e força
daquela voz, com a coragem e ousadia da filha, que com personalidade e talento
indiscutível mantém viva a arte e a memória da mãe. No entanto, o que
aplaudimos de fato foi o espetáculo que nos proporcionou o tempo. O tempo que
fez questão de assumir o papel principal naquela noite. O tempo que renova.
Traz o novo de novo. O tempo que passa. O tempo que engole, rumina, metaboliza,
transforma e devolve, vomita. Recicla. Aplaudimos o tempo, o senhor da razão,
que cicatriza feridas, cura dores, ameniza saudades, adormece paixões. O tempo
que pode tornar banal a maior das complexidades. O tempo,<span class="apple-converted-space"> </span><i>este senhor tão bonito</i>, que com
uma mão tanto nos tira – juventude, beleza, pele fresca –, mas que com a outra
nos dá com tamanha generosidade: equilíbrio, parcimônia, sabedoria, liberdade.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span>
<span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;">Aplausos ao tempo,
“compositor de destinos, tambor de todos os ritmos”, que fez surgir os cabelos
brancos na fronte do artista, do poeta, que esta semana completou seus setenta
anos de idade, mas que, no entanto, nunca envelhece. O tempo que também esbranquiçou
os meus cabelos, que também me transformou e me conduziu ao lugar que eu tanto
sonhei. O tempo que me deu histórias, memórias, amores e dores, que tingiram de
nuances mais intensos e encheram de significado aquelas canções, que hoje
também são minhas, porque dizem de mim. E, como propôs o mesmo poeta, meu velho
tempo, também eu quero entrar num acordo contigo e, para tanto, peço-te o mesmo
prazer legítimo e movimento preciso, “de modo que o meu espírito ganhe brilho
definido, e eu espalhe benefícios. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo.”<o:p></o:p></span></div>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<u1:p></u1:p>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="color: orange;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2012%2F08%2Faplausos-ao-tempo.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-73027555973114217562012-07-26T14:26:00.001-03:002014-06-08T23:06:26.879-03:00A festa tem que continuar...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2sA_tPQ2AcZvQvvqPcs0N6mCeWhYW_gW4RsJ6p0j8WzpmFKyrToAANkLO1g6rEoqRkP1Gp5pZgcbYkgUyjjLo0q6KNbXfXX1YfBpl6euooevmGyVcXf7YCJERPv78KYaXFGa5SDsEPhCI/s1600/beijo+4+-+C%C3%B3pia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; line-height: 150%; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: large;"></span></a><br />
<div class="Body1" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
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registram um momento que por muitos e muitos anos se repetiu em minha vida. O
beijo do vovô e da vovó nas festas de nossa família. Esse era certamente o
momento mais esperado de todas as festas. Fosse aniversário dele ou dela, ou
aniversário de casamento dos dois, a família inteira aguardava pelo momento do
beijo. Era apenas um selinho. Suficiente para que a família toda fosse ao
delírio. Era uma gritaria só. Vovó fazia aquela carinha de envergonhada,
sorriso de canto de boca, olhar meio sapeca. E o vovô repetia a sequência de
beijinhos, pra alegria de todos nós.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span>
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Naquele sobrado de nossa infância era assim, tudo era motivo pra
festa. A gente se reunia o ano inteiro para comemorar aniversários, semana
santa, dia das mães, dia dos pais, bodas, natal, ano novo. Nenhuma data era
ignorada. Vovó se alegrava muito com a casa cheia. Minha mãe e minha tia,
geralmente, passavam o dia na cozinha, ajudando a vovó a preparar a comida. À
noite, a casa ficava lotada. Um entra e sai de bandejas e travessas pela
cozinha. Todos ajudando a servir os convidados, enquanto vovó observava
atentamente se todos já haviam sido servidos. Nós, as crianças, corríamos o
tempo todo por entre as pernas dos adultos, catando um salgadinho aqui, um copo
de guaraná acolá. Enquanto criança, minha preocupação era apenas essa, brincar,
aproveitar o tempo com meus primos, correr, correr, correr, sem me dar conta do
que estavam fazendo os adultos. Até que, de repente, minha mãe dizia, “vamos
embora, vai pedir a benção aos seus avós.”. “Poxa, mãe, só mais um pouquinho!”.
Eu descia com aquela cara de decepção e anunciava aos meus primos: “Não vou
poder mais brincar. Já vou embora!”. Quando eu subia, a área já estava toda
arrumada, vovó cortando e embalando pedaços de bolo pra todo mundo levar pra
casa. “<i>Bença</i>, vó”. “Deus te abençoe, meu filho!”. Ela dava um beijo em
cada um, e a gente se ia. Pra casa. Sem ela. Era ruim demais quando as festas
acabavam. Mas, mesmo tristes, nós íamos pra casa, eufóricos, cansados de tanta
brincadeira. Felizes. Sabendo que logo, logo, a festa começaria novamente.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span>
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Mas a vida vai passando tão depressa, que é quase imperceptível a
mudança de papeis. O tempo que nós, crianças de outrora, nos tornamos adultos e
passamos a nos divertir nas festas da família, apenas conversando, rindo alto,
encarnando uns nos outros, enquanto as crianças continuam correndo por entre as
nossas pernas, chega e a gente mal se dá conta. As mesmas brincadeiras, a mesma
euforia de sempre. Vovó e vovô continuavam com seus beijinhos. E todos nós,
adultos e crianças, de então ou de outrora, continuávamos ansiosos por este
momento tão especial da festa. A alegria de minha avó era mais nítida, quanto
mais apinhada de gente estivesse a casa. Ela não parava um instante sequer.
“Mamãe, senta um pouquinho!”, “Vó, deixa que eu sirvo!”, e ela seguia como se
não ouvisse. Sua alegria estava em festejar, em ter a casa cheia de filhos,
netos, bisnetos, amigos, vizinhos. Era uma satisfação sem medidas. Assim, a
festa seguia por boas horas. Até que se começava a recolher restos de comida,
talheres e copos, a limpar mesas e cadeiras. Alguém ajudava a fechar a mesa
antiga, recolhendo a parte dobrável que a fazia aumentar de tamanho, e
colocando-a no lugar de sempre. Nesse momento, as crianças começavam a perceber
que era hora de cessar a brincadeira. As mesmas carinhas de decepção e
tristeza. “Não vou pode brincar mais, minha mãe vai embora”. Despedíamo-nos e
voltávamos para casa, deixando mais uma vez a casa da vovó, mas levando a mesma
alegria contagiante, a mesma sensação que ali, naquele encontro, naquela casa
simples, com aquela gente toda reunida, em torno da vovó e do vovô, é que
éramos mais felizes.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;"><br /></span>
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Quando a vovó partiu, e tivemos que nos despedir dela pela última
vez, pensei, durante aquele momento de dor, de saudade, “a festa acabou”. E,
desta vez, para sempre. Senti-me novamente como aquele menino, cuja alegria
maior estava em chegar à casa dos avós, encontrar com as outras crianças, e
brincar, sem se preocupar com mais nada. Veio novamente o mesmo aperto no
coração, a mesma tristeza, de quando ouvia a voz de minha mãe me chamando pra
ir embora. A festa acabou. Vamos embora pra casa. Sem ela. Mas, dessa vez, não
havia a euforia, a certeza de que logo haveria festa novamente. No entanto,
essa necessidade que minha avó tinha de celebrar a vida, sempre foi tão
contagiante, que já havia se tornando vital também em cada um de nós. Não
podíamos mais viver sem isso. A dádiva de tantos anos de convivência, o
privilégio de termos aprendido, justamente com ela, a lidar com a morte e a
saudade, não nos permitiu paralisar diante do chamado à vida. Naqueles
primeiros meses, após sua partida, pareceu-nos entranho a princípio esse
sentimento de continuar a festa. Mas pareceu-nos também muito incoerente agir
de forma diferente. Ela mesma havia nos ensinado assim. Nós também tínhamos
essa mesma alegria em receber, em comemorar, em estarmos juntos. Enfim, somos
da raça dos que festejam, dos que celebram a vida. Mesmo respeitando a dor e o
sofrimento. Mesmo sentindo saudade. Temos a mesma satisfação em reunir pessoas
queridas. Um sentimento que transborda e parece contagiar os que estão por
perto. Minha avó nos ensinou assim. Conviver com a saudade, sem deixar que ela
minasse nossa alegria de viver. A morte não nos pode arrancar isso. A vida
sempre nos convida a continuar. A vida impera, ela sempre nos demostrou isso.
Logo compreendemos, então, que esta era a maior homenagem que poderíamos render
a ela. Mantermos viva em nós a sua alegria pelo dom de estar viva.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Neste último fim semana, ao reunir minha família e tantos amigos
queridos para comemorar mais um aniversário, foi que pude perceber o que sou,
de fato, da linhagem daquela senhora, que tanto amava reunir a família, que
tanto amava celebrar a vida. Pude me dar conta do quanto sua vida de dedicação
e amor a todos nós nos preparou para continuar a caminhada, mesmo sem ter ela
junto de nós, fisicamente. Seu amor pela vida preparou-nos, inspira-nos a
seguir vivendo. Com saudade, mas tristeza. Assim, quando hoje nos reunimos em
festa, ainda paira no ar a mesma sensação de completude, de felicidade plena,
que sempre nos renovou, nos deu viço, força, para seguir em frente. E é essa
alegria de estarmos juntos, essa vontade tamanha de sempre celebrar a vida, que
nos sustenta e traz de volta a sua presença. Ela vive entre nós, novamente. É
mesmo impossível não se deixar contagiar pela lembrança de sua alegria, não
enxergar seu sorriso carinhoso, não sentir seu amor em meio a nós. Talvez tenha
sido por isso que meu sobrinho, tão sensível como é, tenha se emocionado,
quando nos despedíamos. “Por que você está chorando, meu filho?”, eu o
perguntei, “Deu saudade da vovó, tio. Muita saudade!”. É como nos velhos tempos.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="Body1" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: large; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
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<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
</div>
<!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F3.bp.blogspot.com%2F-WYjQjH8eL9Y%2FUBF-nPIMCNI%2FAAAAAAAAAeM%2FiKkSFbV_c0g%2Fs320%2Fbeijo%2B4%2B-%2BC%25C3%25B3pia.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2sA_tPQ2AcZvQvvqPcs0N6mCeWhYW_gW4RsJ6p0j8WzpmFKyrToAANkLO1g6rEoqRkP1Gp5pZgcbYkgUyjjLo0q6KNbXfXX1YfBpl6euooevmGyVcXf7YCJERPv78KYaXFGa5SDsEPhCI/s320/beijo+4+-+C%C3%B3pia.jpg" -->Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-73686225282965184732012-07-20T13:33:00.000-03:002014-06-08T23:11:29.427-03:00Bolo de Aniversário<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmQO9gqjfrixeuiUJGOKanC3nBRm7IMoAAiqjhjYcxw4tUZaeE4pkHXIxe9zQ3Rd0ddeeF_8oC-h8k8_JsQjuCHISiRAIf-XKab2NEZMczjdveaBsBcQlb1h6sV9NYaOGLHkMRYLMEX7yr/s1600/Bolo+de+Aninersario.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; display: inline !important; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmQO9gqjfrixeuiUJGOKanC3nBRm7IMoAAiqjhjYcxw4tUZaeE4pkHXIxe9zQ3Rd0ddeeF_8oC-h8k8_JsQjuCHISiRAIf-XKab2NEZMczjdveaBsBcQlb1h6sV9NYaOGLHkMRYLMEX7yr/s320/Bolo+de+Aninersario.jpg" height="240" width="320" /></a><span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">No meu tempo de menino, em dias de aniversário, eu geralmente
acordava cedo e já subia pra casa de minha avó. Quase sempre, eu a encontrava
por detrás da mesa, que ficava na área de serviço, em meio a cascas de ovos,
farinha de trigo espalhada, açúcar, pó Royal. Logo que eu aparecia, ainda com
cara de sono, ela já abria aquele sorriso. Ela tinha um jeito de sorrir com os
olhos, que encantava e aquecia o coração da gente. Ela largava tudo, limpava a
mão no avental e vinha me beijar, abraçar, desejar coisas boas. Abençoar. Era o
melhor abraço do dia. Então ela chamava o vovô, que saía lá de dentro da casa,
e, também sempre tão carinhoso, vinha com aquela alegria, dar um abraço
apertado, e aqueles muitos beijinhos que ele até hoje tem mania de dar. Eu,
então, me colocava ao lado de minha avó, e ficava ali, observando. De olho na
colher de pau e na bacia, cheias de massa crua, que ela me dava pra raspar e
comer no final.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">A receita estava na cabeça, nenhum papel, nada por escrito. Ela
adicionava cada um dos ingredientes sempre na mesma ordem. Peneirava a farinha
de trigo, separando os carocinhos que sempre sobravam ao final. Fazia aquele
montinho de farinha de trigo no meio da bacia. E, depois, ia quebrando cada um
dos ovos separadamente em outra bacia. “Um ovo estragado, pode botar tudo a
perder”. Por fim, ela sempre testava o pó Royal, com um pouquinho de água. Se
fizesse bolhinhas, estava bom. “Se o fermento não fervilha, o bolo não cresce”.
Batendo sempre pro mesmo lado, sem parar, para o bolo não solar. Depois era só
untar o tabuleiro, jogar a massa e levar ao forno para assar. De vez em quando,
ela ia com um palito de fósforo e furava o bolo pra ver se já estava no ponto.
Eu nunca estendia o porquê disso. Hoje, faço a mesma coisa. Depois dos bolos assados,
era hora de confeitá-los com glacê e frutas. Aquele cacho de uvas bem grande no
meio, meias-luas de maçãs e conchinhas de pêssegos em caldas e ameixas secas,
imitando flores, coloriam a superfície do bolo. Mais tarde, era só enfeitar a
mesa com refrigerantes encapados e docinhos, e cantar parabéns. Festejar. Pois
era isso que a fazia mais feliz. Celebrar a vida, em meio à família. Casa
cheia. Alegria transbordando.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">O tempo foi passando, eu já não era mais tão criança, mas ainda
guardava o costume de, no dia do meu aniversário, subir logo pela manhã para
pedir-lhe a benção. O beijo, o carinho, o abraço apertado, continuavam tão bons
quanto antes. O sorriso ainda mais carinhoso e encantador. E, mesmo depois de
tantos anos, ainda a encontrava peneirando a farinha de trigo, medindo as
xícaras de açúcar, entre cascas de ovos quebradas sobre a mesa, testando o
fermento em pó. O bolo podia até não ser mais confeitado com glacê e frutas,
mas sempre presente, era coberto do carinho e do amor, que só as avós conseguem
nutrir pela gente. Para ela, sempre foi assim, dia de aniversário era pra ser
comemorado. Não podia passar em branco de jeito nenhum. Ainda que fosse apenas
com um bolinho pra tomar café. Mesmo nos momentos mais difíceis, quando ela
poderia ter todas as justificativas para não festejar, ela festejava.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Ali, à beira da mesa enfarinhada, na barra do vestido de minha
avó, eu ia crescendo e aprendendo seu modo de vida. Enquanto ela misturava
ingredientes com tanto cuidado, cada um ao seu tempo, eu ia aprendendo que a
vida é essa arte da mistura, em que cada ingrediente tem a sua importância na
massa, e que é preciso saber dosá-los e acrescentá-los no momento mais
conveniente. Entendia também que muitas vezes é preciso quebrar a casca para
saber o que cada um tem por dentro, pois uma casca perfeita pode ocultar um
interior estragado, apodrecido, que acrescido à massa pode comprometer o gosto
doce do bolo. É preciso zelar, prevenir, proteger, para evitar adição daquilo
que dentro de si não tenha nada de bom a oferecer à mistura. Compreendia que há
coisas na vida que não precisam estar presentes em grande quantidade, mas é
essencial que tenham a qualidade de nos fazer crescer. Aprendia que mesmo em
momentos nem tão alegres, era preciso celebrar a vida. Vovó era incansável
nesta arte de conviver com a alegria e a dor, sem deixar que uma se
sobrepusesse à outra. A cada uma delas, ela dava o devido lugar e o respeito
necessários. Tudo ao seu tempo. Sabia também de cor essa receita para a vida,
ir adicionando tudo que a vida tem a nos oferecer, peneirando, eliminado as
pedras do caminho, descartando o podre, o prejudicial. Dando o tempo necessário
pra fazer a massa crescer, se transformar em algo leve, doce, mais fácil de
digerir. Naquela casa, nunca nos fora negado o direito de conviver com a
dualidade, tão presente no dia a dia, com a alegria e dor, com o nascimento e
com a morte, com o riso e com o pranto. Por que tudo faz parte da vida. Tudo é
importante na massa.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Mesmo depois de adulto, morando mais distante, sempre guardei o
costume de passar o dia do meu aniversário na casa de minha avó. No sobrado de
minha infância. O que me alegrava era passar aquele dia de forma simples,
almoçar com a família, a tardinha comer aquele bolinho comum com café. Receber
o carinho e abraço terno de minha avó. Numa dessas coincidências da vida, foi
numa véspera de aniversário que eu tive de me despedir daquela senhora que
tanto me ensinou sobre a arte do bem viver. De certa forma, aquele momento
selaria para sempre a nossa relação tão especial. Um ciclo perfeito se
completava. Naquele dia seguinte, eu acordei cedo, subi as escadas. Ela não
estava mais por detrás da mesa. Não havia mais a mesa enfarinhada, as cascas de
ovos espalhadas, o fermento. Não houve o sorriso encantador. Não houve o
abraço. O sobrado estava vazio. Pela primeira vez eu tive medo de ter perdido
para sempre o menino que durante anos subiu aquelas escadas em busca do
carinho, do sorriso, do abraço, que revigorava, que renovava forças, que
aquecia a alma. Mas isso já não era possível, pois o menino que por anos
observou, guardando o silêncio habitual, também já havia aprendido a receita de
cor, já havia captado os ensinamentos. A própria senhora havia nos preparado
para aquele momento. Sua forma plácida, serena, respeitosa de lidar com a dor,
com a morte, não nos permitiu agir de maneira diferente. A saudade, a dor da
perda, nunca a fez paralisar. Nunca a fez perder aquela sua alegria de viver.
Sua melodia, seu canto, seu jeito de olhar a vida, ainda pairavam sobre aquele lugar.
Era preciso continuar a caminhada. Assim, no silêncio daquela manhã, parado
sobre o portal de entrada da casa, fechando meus olhos, eu pude ver o mesmo
menino de há tempos, sentado à beira da escada se lambuzando com a massa de
bolo crua, que tanto havia esperado. Foi então que meu coração, ainda que
saudoso e dolorido, se aqueceu novamente. Se o menino ainda permanecia por lá,
por lá também estava a senhora que sempre lhe sorriu e encantou.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Hoje, como de costume, voltei ao sobrado para celebrar mais um
aniversário. Na mesma casa, com a mesma família. Vovô ainda está por lá para
dar os tais beijinhos. Minha mãe, minha tia, minhas irmãs, meus sobrinhos...
todos em volta da mesma mesa. A felicidade que se resume em estar ali. Juntos.
Pra mim, essa sempre foi a melhor forma de celebrar meu aniversário. E, em meio
à alegria da celebração, é impossível não encontrá-la em meio a nós. Remontando
a cena, é impossível não vê-la entrando e saindo daquela cozinha, preocupada se
todos já tinham sido servidos. Com uma felicidade que saltava aos olhos. Porque
se a família está reunida, se tem festa, se a gente é feliz assim, ela está por
perto. Em nossos corações, uma vez aquecidos pelo seu amor, ela vive para
sempre. Eu sinto isso.</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="Body1" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: large; line-height: 150%;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 150%;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fminhalmatemfome.blogspot.com.br%2F2012%2F07%2Fbolo-de-aniversario.html&width&layout=standard&action=like&show_faces=true&share=true&height=80" style="border-style: none; height: 80px; overflow: hidden;"></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-55733230931326402102012-07-12T22:23:00.002-03:002014-06-08T23:14:40.154-03:00A pele que habito<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Assisti em DVD há poucos dias ao último filme do Almodóvar, “<i>A
pele que habito”</i>. Não pretendo fazer aqui nenhum tipo de crítica ao filme,
pois estou longe de ter este talento, ou olhar. Gostei bastante do filme, pelo
impacto que me causou. Gosto disso na arte em geral, de me sentir provocado. E,
no caso deste filme, as provocações e sensações são variadas. No entanto,
independente do que senti ao ver o filme, o melhor pra mim foi a metáfora, a
mensagem subliminar, que ficou rondando minha mente após o término do mesmo.
Apenas um dos inúmeros olhares possíveis. Bem particular, obviamente.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">O motivo principal do filme é a relação que se estabeleceu entre
um cirurgião plástico – personagem de Antonio Banderas – e sua paciente, a qual
ele mantém trancafiada e monitorada por câmeras de vídeo em uma determinada
área de sua casa. Além das visitas diárias do próprio cirurgião, nenhum outro
tipo de contato com o mundo externo é permitido à tal paciente, a não ser a
comunicação através de um interfone com uma espécie de governanta da casa.
Depois de algum tempo, o médico se percebe completamente envolvido por sua
paciente-prisioneira e, mesmo depois de tantas atrocidades cometidas, tem-se
início uma suposta relação afetiva entre os dois. Então, ele se vê obrigado a
ceder e permite a ela uma liberdade um pouco maior. No entanto, a esta altura
do filme, fica difícil imaginar que eles conseguiriam levar uma vida normal,
que seguiriam imunes àquela sucessão de erros, e que seriam felizes para
sempre. De fato, não conseguiram.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Fiquei pensando no quanto aquele tipo de relação de domínio, de
aprisionamento, de sequestro é mais comum no nosso dia a dia do que possamos
supor. Pelo menos do ponto de vista metafórico, é claro. Quem de nós não
poderia citar uma relação de sequestro psicológico, emocional? Relação em que
uma pessoa, mesmo não estando presa fisicamente, vê-se completamente dominada
por outra. Como se sua alma tivesse sido furtada, raptada. Ainda que não sejam
sentidos literalmente na pele, os danos causados por uma relação como esta
podem ser tão dolorosos e definitivos quanto aqueles sofridos pela personagem
do filme. Danos estes que dificilmente se apagam, deixando marcas e trazendo
consequências tais, que podem determinar para sempre as escolhas, os rumos a
serem seguidos na vida de uma pessoa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Este tipo de relacionamento parece seguir um velho e conhecido
roteiro, percebido por muitos que estão de fora e, na maioria das vezes,
ignorado pela vítima do dito sequestro emocional. Inicialmente, a pessoa se
deixa entorpecer por algum motivo qualquer, seja ele, carência, paixão
desenfreada, autoafirmação, ingenuidade, imaturidade, chantagem emocional, ou
seja lá o que for, e mesmo que inconscientemente se deixa aprisionar pelo
raptor de sua alma, que sutilmente a afasta do convívio social, do contato com
amigos, familiares, e, por mais esdrúxulo que seja, consegue mantê-la distante
até mesmo de pessoas muito próximas, como pai, mãe, irmãos, filhos. Por mais
óbvio que pareça à grande maioria das pessoas à sua volta, a vítima do
sequestro de alma dificilmente consegue enxergar a cilada em que se envolveu e,
geralmente, quando se dá conta, ainda que relute, não tem energia suficiente
para escapar daquela situação. Com o passar do tempo, quando parece não restar
alternativa, acostuma-se. Muitas vezes – assim como num sequestro real – é
comum que se estabeleça uma relação de dependência entre a vítima e o
sequestrador, que pode até ser absurdamente classificada, por eles, como amor.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">No entanto, uma relação amorosa que aprisiona é em sua gênese uma
incoerência, uma mentira patética. Afinal o amor é essencialmente libertador.
Não se pode imaginar que é possível amar alguém, impondo-lhe castrações,
limitando seu crescimento intelectual, impendido que o outro desenvolva suas
próprias impressões e opiniões a respeito da vida, afastando o outro do
convívio social ou familiar. Enfim, fazendo-lhe refém de seus caprichos e
acorrentando sua alma. Quem age assim, ilude-se a respeito do amor. Engana-se
profundamente. É como um criador de aves, que prende um pássaro em uma gaiola,
e regojiza-se com seu canto, sem se importar se é de alegria ou de tristeza a
canção que ele ouve todas as manhãs. A verdade é que, por mais que se trate com
cuidado um passarinho preso numa gaiola, dando-lhe a melhor ração, água fresca,
as melhores condições de limpeza, por mais que se julgue tratá-lo com carinho,
afeto, dedicação, o passarinho nunca perderá uma oportunidade de escapar. Pois
o simples fato de tê-lo aprisionado já gerou desde o princípio uma relação
desigual, de domínio, regida pelo medo, pela falta de confiança. E onde não há
confiança, não é possível haver cumplicidade, não se cria o respeito, base
imprescindível ao amor. Assim como o passarinho preso em uma gaiola, a pessoa
que de alguma maneira tem sua liberdade cerceada, por mais que não demonstre,
não cultiva outro pensamento senão o de se livrar das amarras e se tornar livre
novamente. Assim, quando efetivamente enxergar uma possibilidade real de fuga,
ela se arrisca, ganha mundo. Vai-se embora. Se não vai, é porque esqueceu que
sabe voar. E se chegou a este o ponto, perdeu a essência. Não é mais pássaro,
não é mais gente. E o que viveu nunca foi nem nunca será amor.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="line-height: 200%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: '', sans-serif, '', serif; font-size: 16pt; line-height: 200%;">Amor é o que cultiva o jardineiro, que pacientemente cuida de seu
jardim, e fica à espera dos beija-flores, que seduzidos pela beleza de suas
flores, vêm em busca da doçura do néctar, e em troca oferece a ele a elegância
e o encanto de seu balé flutuante. Amor é essa relação de doação, de troca, de
entrega mútua. E, para que seja assim, não basta apenas ofertar o néctar, o mel,
pois beija-flor preso em gaiola não baila, não voa. Morre à mingua. Para se
apreciar a leveza de sua dança, é imprescindível deixá-lo livre. Quem corta
asas, quem impede o vôo, definitivamente não ama. Apenas tenta satisfazer seus
desejos egoístas e unilaterais. Não quer se submeter a riscos. Dá o mínimo e,
no entanto, se acha no direito de usurpar o que o outro tem de melhor. Mas o
amor não se dobra a caprichos e imposições. O amor é a escolha de ficar diante
das inúmeras possibilidades de ir. O amor deseja fluir, para tanto necessita de
espaço. Tem urgência de liberdade. Não sobrevive em gaiolas. Por isso, quem
impõe barreiras, grades, ainda que emocionais, não ama. Engana-se. Mente para
si mesmo. Vive sozinho, mesmo estando junto. Raptor de almas alheias, vê-se
dominador, mas é dominado. Pensa-se livre, mas é cativo do medo de perder.
Refém da angústia de ver sua vítima escapar. E, ela há de escapar. Mais cedo ou
mais tarde. De um jeito ou de outro. Pois, não se aprisiona uma alma por toda a
vida. Sua essência clama por liberdade. Não suporta o domínio de uma prisão
imposta. Deseja ardentemente ser feliz. Quer reencontrar-se. E, ainda que
habite outra pele, ainda que tenha de conviver com marcas indeléveis, toda alma
guarda em si uma sede de amor. Essa força motriz que nos impulsiona e dá
sentido à vida. Por isso, viva e deixe viver!</span><span style="font-size: 16pt; line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Body1" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: large; line-height: 150%;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 150%;"><b>Gostou do texto? Que tal compartilhar?</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
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</div>
Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-51621764284386469262012-07-10T19:11:00.002-03:002012-07-12T00:22:10.244-03:00Querido, com a língua não?!<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Doralice e
Neves estavam casados há quase dez anos. Ele, professor universitário, doutor
em Linguística. Ela, revisora de textos na redação de um importante jornal. Tinham
um relacionamento daqueles que beiram a perfeição. Invejável. Gostavam muito
de viajar, conhecer novos lugares, novas culturas. Frequentavam bons
restaurantes. Adoravam música, cinema, teatro. Devoravam livros e mais livros. Assunto era o
que não faltava para eles. No entanto, há tempos o sexo vivia naquela pasmaceira.
Não era de hoje que precisavam dar uma apimentada nesse quesito.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Ai Neves, meu amor. Eu não vou conseguir.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Vai sim, Dorinha. Não custa nada tentar, vai?!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Pra você é tudo muito simples. Mas isso vai de encontro a tudo aquilo que prego
diariamente. Fere profundamente os meus princípios. Brincadeiras com a língua,
eu não admito.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Poxa, querida, entre quatro paredes, vale tudo!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Apesar da
insistência de Neves, Doralice mais uma vez colocou mil obstáculos e não
conseguiu realizar suas ideias sexuais mais recentes. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
No dia
seguinte, durante a sessão da terapia, a revisora comentou com a sua analista:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Agora mais essa, Doutora. O Neves cismou com essa história. Insiste o tempo
todo nessa maluquice.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Relaxa, Doralice. Essa necessidade de associar dor e prazer é muito comum entre
os casais. Tente trazer isso de forma benéfica ao seu relacionamento.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Doralice
pensou no assunto o dia inteiro. Durante o almoço, decidiu comentar com
Marluce, sua melhor amiga, que, como de costume, foi muito prática e objetiva:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Ô Dora, pelo amor de Deus, né? Faz logo isso, criatura. Porque se você não faz,
vem outra e faz. Aí, eu quero ver!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Será, amiga? Será que ele é capaz de me trair por causa disso?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Vai pagar pra ver? Vai?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
A ideia
ficou rondando sua cabeça o dia inteiro. Para ela, não era realmente simples. Não
se imaginava naquela situação. Porém, não via muita saída. Precisava testar. Agradar
o maridão.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Alô, querido. Sou eu, Dorinha. Já está em casa? Então se prepara que hoje vai
rolar.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—Hmmm.
Pode deixar comigo. Você não vai se arrepender, meu amor.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Doralice
chegou em casa, tomou um banho bem refrescante. Passou um óleo perfumado pelo corpo
inteiro e vestiu uma camisola de seda, bem sensual. Foi para o quarto e
encontrou com o Neves, que já estava deitado, esperando. Ela amarrou as mãos do marido
na cabeceira da cama com lenços e ameaçou:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
É dor o que você quer sentir, meu amor? Não é?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
É sim, minha delicinha. Acaba comigo, vai?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
A mulher
ficou em pé sobre a cama, por cima das pernas do Neves, e quando começou a
baixar a alça da camisola, falou:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Então fica quietinho <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra mim</i> começar
a tortura!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Quando o
Neves percebeu o que sua mulher era capaz de fazer, ficou
imediatamente excitado. A Doralice foi perdendo a vergonha, ficando cada vez mais ousada, voluptuosa, a ponto de ser capaz de gritar em seu ouvido:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
“Mendingo”, “mortandela”, “salchicha”, “rezistro”!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Isso meu amor, assim você me enlouquece — dizia o Neves, enquanto se contorcia
todo sobre o colchão.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
A cada erro de concordância
nominal, ou de regência verbal, ou de emprego de pronome, que sua mulher cometia ao
seu ouvido, ele entrava em êxtase. Mal sabia ele
que o pior – ou o melhor, quem sabe? – ainda estava por vir.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Doralice,
já completamente nua, se debruçou sobre o corpo do marido e mandou o golpe mais
poderoso, a tacada fatal, sussurrando ao pé do ouvido do Neves:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Tá gostando, meu amor, ou prefere que eu “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">seje</i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">menas</i>” violenta?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Ao ouvir
isso, o Neves não se conteve de tanto prazer, puxou os braços com toda força, arrebentou
os lenços que o prendiam à cama, e foi pra cima da Doralice com um furor sem
precedentes.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Naquela
noite, os dois se amaram como nunca. E a Doralice só se arrependeu de não ter
cedido às loucuras do marido há mais tempo. Santa língua portuguesa!<br />
<br />
Leia também:<br />
<a href="http://minhalmatemfome.blogspot.com.br/2012/07/deixa-eu-te-amostrar.html" target="_blank">Deixa eu te amostrar?</a><br />
<a href="http://minhalmatemfome.blogspot.com.br/2012/07/norminha-curta-e-grossa.html" target="_blank">Norminha, curta e grossa!</a> <br />
<br />
<br /></div>Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-14765237295171906252012-07-08T23:22:00.001-03:002012-07-11T18:53:04.343-03:00Norminha, curta e grossa!<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Norminha
quase não frequentou a escola. Aprendeu a ler e a escrever na marra, anotando
os recadinhos ao telefone, lendo os bilhetes deixados pelas patroas na porta da
geladeira.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Ô Dona Ester, esses <i style="mso-bidi-font-style: normal;">menino</i> vão acabar
quebrando o vaso de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pranta. </i>Eu já
mandei parar com essa bola, esses <i style="mso-bidi-font-style: normal;">menino</i>!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Tá bom, Norminha, tá bom. A gente para. Mas não é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pranta</i>, é planta!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Eu tô falando é pro bem de vocês <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mermo</i>.
Daqui um pouco, Dona Ester desce e planta a mão em vocês tudo. Falei certo,
Dudu?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Era assim
que ela ia aprendendo a falar seu português todo peculiar. Prestava atenção em
tudo. Admirava a patroa conversando ao telefone. Ficava repetindo algumas palavras,
muitas vezes, sem nem saber ao certo o que significavam. Apegava-se às palavras
pelo som que elas produziam, pelo prazer que dava em dizê-las. Pelo gosto. Pelo
tato.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Então, Dona Ester. Hoje <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mermo,</i> quando
eu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tavo</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">soltando</i> do ônibus, vim pensando no que a senhora falou comigo
ontem.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Saltando, Norminha. Você estava saltando do ônibus.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Que saltando que nada, Dona Ester. A senhora pode até saltar do taxi, do seu
carro. Mas de ônibus lotado, de trem abarrotado, a gente tá tão agarrado, que
tem é que soltar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mermo</i>. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cadiquê</i> se for tentar saltar, Dona
Ester, chega é todo dia atrasada no serviço.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
A patroa
sorriu e foi obrigada a concordar.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Você tem toda razão, Norminha. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Sempre tive que aprender tudo sozinha nessa vida. Ninguém nunca me deu nada de
mão beijada. Aí vem esses <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pessoal</i> com
história de regra pra cima de mim?! Na minha gramática, quem manda sou eu.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Norminha
decidia se uma palavra estava certa ou errada, baseando-se nas sensações que
tinha quando falava, ou nas experiências da vida. Quando encasquetava com
alguma palavra, ninguém a fazia falar diferente.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Pois então, Dona Ester, num fica tão preocupada. Essa história do Seu Nestor
vai se resolver. É coisa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">permanente</i>. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Derrepentemente</i>, passa!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Pra ela,
permanente era passageiro. Coisa que uma hora acaba. Do mesmo jeito que acabava
o efeito do permanente no cabelo da sua antiga patroa. Essa até D. Ester já
sabia. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
Pois é, Norminha, é como você sempre me diz: “Encrespou, Dona Ester? Fica fria
que é permanente. Logo, logo fica liso de novo!”. Ai, Norminha, só você mesmo
pra me fazer rir.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
—
É isso ai, Dona Ester. Bola pra frente. A senhora num sabe o que é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pobrema</i> não. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Pobrema</i> é coisa de pobre. Feito praga, prego, pedreira... O que a
senhora tem, Dona Ester, é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">poblema</i>. E
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">poblema</i> é coisa simples, plana, leve
feito pluma, que o vento leva e acaba num instante.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Norminha tinha
uma alegria de viver que contagiava a todos. Nada a tirava do sério. E assim seguia
seu caminho, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">blindando</i>” à vida, mesmo
que ás vezes ela estivesse meio “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">comprica</i><i>da</i>” . </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Leia também:<br />
<a href="http://minhalmatemfome.blogspot.com.br/2012/07/deixa-eu-te-amostrar.html" target="_blank">Deixa eu te amostrar?</a><br />
<a href="http://minhalmatemfome.blogspot.com.br/2012/07/querido-com-lingua-nao.html" target="_blank">Querido, com a lingua não?!</a><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9104335905568610781.post-92046995644001267662012-07-08T14:08:00.000-03:002012-07-08T21:55:17.031-03:00O desafio dos 5 dias...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzr_GvKhiWeFbbXDHbRR2T6HfCiKY1rXL6VNYlTdRDPzONPfRo1dW_9Q12l7yDdTrwGi4EJByynS3Gf-utslKxlCroYnGF4GZWZpq059zTUfpc6qsQMJ0L6-s1ipbZiIjbwguo1fhkx37D/s1600/Desafio+dos+Cinco+Dias.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzr_GvKhiWeFbbXDHbRR2T6HfCiKY1rXL6VNYlTdRDPzONPfRo1dW_9Q12l7yDdTrwGi4EJByynS3Gf-utslKxlCroYnGF4GZWZpq059zTUfpc6qsQMJ0L6-s1ipbZiIjbwguo1fhkx37D/s640/Desafio+dos+Cinco+Dias.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="http://facimdefazer.blogspot.com.br/2011/12/batata-inglesa-recheada.html" target="_blank"><span style="font-size: large;"><b>Batata Inglesa Recheada</b></span></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="http://facimdefazer.blogspot.com.br/2011/12/file-de-tilapia-crocante-com-legumes.html" target="_blank"><span style="font-size: large;"><b>Tilápia com Legumes</b></span></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="http://facimdefazer.blogspot.com.br/2011/12/bife-acebolado-com-mandioquinha-e-penne.html" target="_blank"><b><span style="font-size: large;">Bife com Baroa e Penne</span></b></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="http://facimdefazer.blogspot.com.br/2011/12/frango-aos-4-queijos-com-pure-de.html" target="_blank"><span style="font-size: large;"><b>Frango 4 Queijos e Purê de Abóbora</b></span></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="http://facimdefazer.blogspot.com.br/2011/12/quiche-aos-4-queijos-com-salada.html" target="_blank"><span style="font-size: large;"><b>Quiche aos 4 Queijos</b></span> </a><br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
<br />Anderson Henriqueshttp://www.blogger.com/profile/05888582510141944814noreply@blogger.com1